Ministro diz que trabalho escravo é mancha que ainda envergonha o Brasil

Paulo Vannuchi lamenta desconfiança da população em relação à defesa dos direitos humanosO ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Paulo Vannuchi, afirmou nesta quinta, dia 9, que o trabalho escravo ainda é "uma mancha que envergonha o Brasil". Em entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia Ministro, no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ele avaliou que os casos de trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão no país representam "pouca gente" ? entre 20 mil e 50 mil pessoas ? mas que cabe ao Estado brasileiro "erradica

? [Os trabalhadores] são levados para a região da Amazônia, de Mato Grosso, do Pará, do Tocantins e lá ficam submetidos a jagunços que não os deixam escapar e a pessoas que criam uma situação de escravidão pela dívida. A pessoa perde a liberdade de ir e vir.

Para Vannuchi, o trabalho deve ser de prevenção, para o trabalhador “não se deixar atrair por falsas promessas”, além de punição para os “péssimos fazendeiros”. Segundo o ministro, a agricultura do Brasil é a melhor do mundo, caracterizada por solos férteis e pela quebra de recordes na produção de soja e de cana-de-açúcar.

? [O trabalho escravo] pode sujeitar nosso país a ações na Organização Mundial do Comércio [OMC]. A alegação de que aqui se pratica trabalho escravo pode levar a um desastre na nossa folha de exportações.

Ele reconheceu que ainda existe uma espécie de desconfiança da população em relação à defesa dos direitos humanos. A idéia de que eles existem apenas para proteger os que fazem mal à sociedade, de acordo com Vannuchi, permanece como uma “forte mentalidade nacional”, sobretudo nos segmentos sociais mais pobres e que mais necessitam da garantia de seus direitos.

? É uma explicação enfiada na cabeça deles por setores do regime militar que foram derrotados. Uma visão da polícia como agente de repressão. É preciso corrigir essa má compreensão e o jeito de fazer isso é por meio de longos investimentos em educação. Incluir mais a educação em direitos humanos desde muito cedo.