Ministro da Justiça defende pacto para solucionar demarcação de terras indígenas

Cardozo admitiu ser necessário que se encontre uma solução para que a Funai não seja o órgão a dar a palavra final sobre a demarcação de terras indígenasO ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta terça, dia 20, que os poderes Executivo e Legislativo, além de produtores rurais e índios precisam encontrar uma decisão pactuada para a demarcação de terras indígenas.

– Se conseguirmos pactuar, vamos resolver esse problema de uma vez por todas, dentro de uma legislação que resolva a questão dos povos indígenas – destacou.

Cardozo participou de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para discutir a aplicação imediata da Portaria 303 da Advocacia-Geral da União (AGU), que estende para todo o país as 19 condicionantes definidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.

A norma proíbe, por exemplo, a ampliação de áreas indígenas já demarcadas, a venda ou arrendamento de qualquer parte desses territórios, quando significar a restrição do pleno usufruto, e a posse direta da área pelas comunidades indígenas.

Cardozo admitiu ser necessário que se encontre uma solução para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) não seja o órgão a dar a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas. Segundo ele, como o órgão tem como competência proteger os direitos dos índios, deveria haver outra estrutura para dar um parecer definitivo sobre a questão.

O advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, voltou a defender a edição de uma Lei Complementar para regulamentar situações de demarcação de terras indígenas, com possibilidades de indenização integral para produtores rurais ou permanência deles na área.

– A portaria não é suficiente porque não resolve o cerne do problema. Como eu compatibilizo direitos em áreas objeto de demarcação? Basta o Congresso estabelecer quais são os títulos jurídicos em área indígena que são preservados em face de necessidade da União – esclareceu.

Segundo Adams, a definição de quem deveria permanecer na terra, se produtores rurais ou índios, poderia ser feita a partir do tempo de ocupação da área ou de certidão de posse dada pelo Executivo.

Deputados defendem uma solução imediata para a questão.

— Eu entendo que o Supremo ainda vai decidir a uma questão legal, a ser respondida, mas já tem instrumentos para que a AGU faça valer a Portaria 303, que disciplina procedimentos para demarcação de áreas indígenas — disse o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA).

Cerca de 12,8% do território brasileiro é ocupado por indígenas, o que corresponde a 110 milhões de hectares.

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