Os ministros da área econômica dos dois países vão se reunir a cada 45 dias em busca de alternativas para resolver as divergências, a começar pela demora nas concessões de licenças não automáticas para mercadorias de ambos os lados.
Em encontro que tiveram nesta quarta, Lula e Cristina reiteraram que as relações bilaterais devem ser firmadas na parceria e não na disputa.
? O protecionismo não é solução. Apenas cria distorções difíceis de se reverter. O caminho a seguir é do incremento das exportações argentinas e, não, a diminuição das exportações brasileiras ? afirmou Lula, no seu discurso.
? Temos de ter inteligência para superar as diferenças com maturidade e racionalidade. É necessário abordar os temas e procurar ajuda para encontrar saídas ? defendeu Cristina.
Argentina e Brasil acusam um ao outro de agravar as barreiras na liberação de licenças não automáticas para alguns produtos importados do Brasil pela Argentina e vice-versa. Os argentinos alegam que a decisão brasileira de endurecer na concessão de licenças tem um caráter de retaliação à iniciativa argentina de dificultar a liberação das mesmas autorizações.
A lista de produtos afetados pelo impasse deve chegar a 15 itens e inclui principalmente autopeças, freios e baterias para veículos, no caso do Brasil. Do lado argentino, afeta produtos alimentares e grãos.
A ideia é que, a cada 45 dias, os ministros da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de Relações Exteriores de ambos os países se reúnam para buscar soluções.
? Temos motivos para confiar no progresso da nossa parceria ? disse Lula durante o brinde no almoço.
? Precisamos reorientar essas pequenas diferenças. Estamos na mesma região, por isso é necessário esse desenvolvimento [conjunto] ? acrescentou Cristina Kirchner.
O impasse em torno da concessão de licenças não automáticas se estende há um ano. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, há mercadorias brasileiras que aguardam até 180 dias pela liberação da licença.
Desde outubro de 2008, a Argentina impõe dificuldades na liberação de licenças para as mercadorias brasileiras. No mês passado, o governo brasileiro resolveu reagir estabelecendo restrições na concessão de licenças para os produtos argentinos.
Durante o almoço, Lula lembrou que o Brasil é o principal mercado para os produtos industrializados argentinos – que representam cerca de 70% das exportações do país vizinho para Brasil. De acordo com ele, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu US$ 31 bilhões em 2008.