Missão que viria a SC não foi adiada por causa de Battisti, informa embaixada italiana

Governo do Estado divulgou que motivo do cancelamento da visita seria asilo político ao italianoA embaixada da Itália no Brasil informou nesta quinta, dia 5, que a decisão de adiar a visita da vice-ministra da Saúde italiana, Francesca Martini, a Santa Catarina foi técnica. Segundo uma fonte ligada ao embaixador Michele Valensise o caso não tem relação com a crise diplomática instalada nas relações com o Brasil por conta do asilo político concedido ao italiano Cesare Battisti. Ele é acusado de quatro assassinatos no seu país.

A missão liderada por Francesca Martini e pelo chefe do Departamento de Saúde Pública da Itália, Romano Marabelli, iria ao Estado no próximo domingo, dia 8, e a Brasília, no dia 9, para negociar contratos de exportação de carne com o governo catarinense e com o ministro da Agricultura.

Reinhold Stephanes declarou desconhecer o cancelamento da missão italiana. Nesta quinta a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina divulgou que o motivo do cancelamento seriam os problemas diplomáticos causados pelo caso Cesare Battisti, a quem o governo brasileiro concedeu status de refugiado político.

Considerando que o motivo do cancelamento da visita da ministra italiana ao Estado foi a questão diplomática, o presidente da Federação de Agricultura de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso, lamentou que o asilo a Battisti tenha “destruído três anos de trabalho, contatos, viagens e articulações, jogando por terra todo o esforço da entidade, do governo catarinense e de outras instituições”. O dirigente destacou que o negócio com o país europeu era vital para os catarinenses porque, na área governamental, a Itália obteria autorização da União Europeia para importar animais vivos do Brasil. Conforme Pedroso, isso “abriria portas para futuros negócios como a exportação de suínos para a Europa”.
 
Conforme a Faesc, em novembro passado uma delegação italiana formada pelo senador Paolo Di Castro, ex-titular do Ministério de Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da República Italiana e pelo presidente da União de Importadores e Exportadores de Carnes e Derivados da Itália (Uniceb), Renzo Fossato, esteve em Santa Catarina encaminhando ações para o fechamento do negócio. A intenção seria importar entre 100 mil e 150 mil bezerros por ano. As tratativas começaram em 2006.

Nos primeiros encontros, em 2007, foram discutidos o sistema de identificação dos bovinos e o atendimento aos procedimentos sanitários da União Européia para a exportação de bezerros de corte de seis a oito meses de idade para aquele continente.
A Itália importa mais de um milhão de bezerros por ano de vários países. De acordo com a Faesc, a delegação italiana compraria este ano 50 mil bezerros que os criadores catarinenses já abateriam normalmente após o nascimento em função de que o leite que esses animais consomem tem valor econômico maior que a carne. Por isso, os bezerros seriam embarcados para a Itália com idade entre seis e oito meses, com peso de 200 a 300 quilos. Lá seriam terminados em processo de engorda e abatidos para produção de carne.