• Açúcar tem valorização no mercado futuro
– A retração da moagem na primeira quinzena de julho se deve às chuvas que ocorreram no sul do Estado de São Paulo, no norte do Paraná e em boa parte de Mato Grosso do Sul, além de manutenção industrial programada e da redução do ritmo de moagem em várias unidades produtoras devido à menor oferta de cana – aponta o diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 16 de julho, a moagem alcançou 244,38 milhões de toneladas, crescimento de 8,26% em relação àquela verificada no mesmo período do último ano (225,73 milhões de toneladas).
Em relação à produtividade agrícola, segundo informações apuradas pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o rendimento da área colhida atingiu 79,30 toneladas de cana-de-açúcar por hectare em junho, queda de 4,10% frente ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado desde o início da atual safra até o final de junho, a quebra agrícola alcançou 6,1%.
– A condição do canavial é muito heterogênea entre as regiões produtoras: em alguns locais a produtividade da lavoura está acima daquela observada em 2013, enquanto em outros a quebra agrícola ultrapassa 20% – diz Rodrigues.
No agregado do Centro-Sul, a expectativa é que a redução na produtividade se acentue nos próximos meses, devido a colheita da cana-de-açúcar com menos de 12 meses e de áreas mais afetadas pela seca prolongada, disse o executivo.
De fato, estatísticas preliminares do CTC indicam que o rendimento médio dos canaviais colhidos na região Centro-Sul durante a primeira quinzena de julho será inferior àquele registrado em junho, com quebra acima do valor acumulado registrado até o momento (6,1%).
A saber, no Estado de São Paulo a quebra agrícola acumulada até o final de junho alcançou 8,50%, enquanto a moagem acumulada para o mesmo período cresceu 9,80% no comparativo com a safra 2013/2014, indicando que houve um avanço considerável na área colhida.
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Qualidade da matéria-prima
Apesar de prejudicar sensivelmente a produtividade agrícola, a estiagem melhorou a qualidade da cana-de-açúcar ao favorecer a concentração de açúcares pela planta.
Nos primeiros 15 dias de julho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) alcançou 139,44 quilos por tonelada de cana-de-açúcar processada, valor 7,42% maior que aquele apurado no mesmo período do último ano (129,81 quilos de ATR/t de cana).
– A concentração de ATR observada nos primeiros 15 dias de julho deste ano só foi alcançada na safra 2013/2014 no final de setembro – ressalta Rodrigues.
Em algumas unidades produtoras, o valor apurado na primeira metade de julho já superou 150,00 quilos por tonelada de cana moída, acrescentou.
No acumulado desde o início da safra até 16 de julho, o teor de ATR por tonelada de matéria-prima totalizou 126,97 kg, 2,14% superior aos 124,31 kg registrados na mesma data de 2013.
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Produção de açúcar e etanol
Da quantidade total de cana-de-açúcar moída na primeira quinzena de julho, 46,38% destinou-se à produção de açúcar, contra 45,46% computados até o mesmo momento da safra 2013/2014. No acumulado desde o início da atual safra até 16 de julho, este percentual totalizou 43,60%.
A produção de açúcar na primeira metade de julho somou 2,55 milhões de toneladas. Esta quantidade é praticamente idêntica àquela observada na quinzena anterior (2,58 milhões de toneladas), mas 5,34% superior no comparativo com o mesmo período de 2013 (2,42 milhões de toneladas).
Esse pequeno crescimento na produção de açúcar se deve a antecipação do cronograma de fabricação do produto. Isso ocorreu em função do aumento da concentração de açúcares na cana colhida no início de julho, da expectativa de maior quebra agrícola nos próximos meses e da possibilidade de queda mais acentuada na qualidade da matéria-prima no final da safra devido à antecipação da colheita.
– É natural que as empresas aproveitem esse momento de melhor qualidade da cana para produzir o açúcar necessário ao atendimento dos compromissos futuros já assumidos – aponta o diretor da Unica.
Ninguém quer correr o risco de não conseguir produzir o açúcar já contratado, visto que existem muitas dúvidas sobre as condições agrícolas e de colheita para os próximos meses, acrescentou.
Ele ressalta, entretanto, que a remuneração relativa etanol/açúcar, a necessidade de caixa de boa parte das empresas e a quebra agrícola mais acentuada em São Paulo, principal exportador de açúcar, não indicam que esse movimento se repita em todas as quinzenas da safra.
No acumulado desde o início da safra 2014/2015 até 16 de julho, a fabricação de açúcar alcançou 12,89 milhões de toneladas, contra 11,37 milhões de toneladas apuradas até a mesma data do último ano.
Em relação ao etanol, o volume produzido alcançou 1,81 bilhão de litros na primeira metade de julho, aumento de 1,68% sobre o mesmo período da safra passada. Deste volume, 1,01 bilhão de litros refere-se ao etanol hidratado e 797,71 milhões de litros ao etanol anidro.
A produção acumulada somou 10,26 bilhões de litros desde o início da safra até 16 de julho, sendo 4,38 bilhões de litros de etanol anidro e 5,88 bilhões de litros de etanol hidratado.
Vendas de etanol
As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 988,57 milhões de litros na primeira quinzena de julho, contra 1,09 bilhão de litros em igual período de 2013.
Deste volume comercializado na mencionada quinzena, apenas 36,64 milhões de litros destinaram-se à exportação, enquanto 951,93 milhões de litros ao mercado doméstico – pequeno aumento de 0,91% comparativamente ao montante observado em igual quinzena do ano anterior.
As vendas de etanol anidro ao mercado interno totalizaram 429,66 milhões de litros nos primeiros 15 dias de julho, alta de 10,11% em relação aos 390,21 milhões de litros comercializados em igual quinzena de 2013.
Em relação ao etanol hidratado, o volume comercializado no mercado doméstico somou 522,28 milhões de litros na primeira metade do mês, ante 553,15 milhões de litros no mesmo período de 2013.
No acumulado desde abril até 16 de julho, as vendas de etanol somaram 6,90 bilhões de litros, contra 7,04 bilhões de litros apurados até esta mesma data da safra 2013/2014.
Esse recuo resulta da queda de 44,46% das exportações, já que o volume direcionado ao abastecimento doméstico aumentou 4,32% no período, totalizando 6,40 bilhões de litros.