Para Tarcilo Rodrigues, diretor-executivo da Trading BioAgência, é extremamente positivo o início do transporte de etanol de Mato grosso do Sul por via ferroviária.
– Assim temos a ferrovia onde ela é competitiva. A distância é muito grande e os custos de transporte eram elevadíssimos – afirma Rodrigues, apontando que isso tornará mais atrativa a produção da região.
O gerente de Líquidos da ALL, Luís Gustavo Vitti, conta que, em 2007, a empresa fez um mapeamento dos Estados mais importantes na produção de etanol e, então, criaram terminais no Paraná e em São Paulo. Em seguida, partiram para Mato Grosso, onde instalaram um terminal no ano passado, e, por fim, chegaram a Mato Grosso do Sul, iniciando o transporte para Paulínia.
– Mato Grosso do Sul é o Estado que faltava para a gente captar. Com isso, fechamos um ciclo – diz Vitti.
Até agora, a companhia levava principalmente diesel e gasolina da refinaria Replan, em Paulínia, para Campo Grande, somando cerca de 400 milhões de litros por ano. O vagão era descarregado e o combustível era utilizado por maquinário agrícola, por exemplo. No entanto, os vagões voltavam vazios. A companhia se utilizou, então, da malha ferroviária já existente, instalou um terminal em Campo Grande e passou a utilizar também o retorno dos vagões.
– Existe na região do entorno de Campo Grande [em um raio de 150 quilômetros ao redor da cidade e ainda em MS, um mercado produtor potencial de 600 milhões de litros por ano – calcula Vitti.
Para Roberto Hollanda, presidente da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), é natural que surjam alternativas para transportar o etanol.
– A região está crescendo e o mercado vai cuidar do escoamento de nossa produção – afirma.
A região, que representa cerca de 6% da safra nacional – de acordo com dados da Biosul – também estará próxima do etanolduto, sistema intermodal que servirá as regiões de Goiás, São Paulo e Minas Gerais até o litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. A expectativa da ALL é de transportar inicialmente 750 mil litros de etanol por dia, utilizando 15 vagões, totalizando ao final do ano cerca de 200 milhões de litros. A capacidade da companhia, no entanto, é de transportar 400 milhões.
Vitti aponta que o modal é 70% mais eficiente no consumo de diesel, além de trazer segurança para a estrada ao diminuir o fluxo de caminhões. O foco da companhia em 2012 será de fechar parcerias para chegar até os portos.
Para atuar em Paranaguá, a companhia já estabeleceu parcerias, e o porto de Santos é o próximo passo. O intuito é poder trabalhar com importações e exportações de etanol.
– No ano passado, mesmo com uma quebra no mercado, a área de combustível da companhia cresceu 8% – justifica Luís Gustavo Vitti.
– A ferrovia é ideal para transportar grandes distâncias – completa Rodrigues.
O diretor diz que Mato Grosso do Sul é um bom lugar para se plantar cana-de-açúcar, pela terra e clima, mas a desvantagem da região era exatamente a logística. Ele lembra, no entanto, que é preciso observar a capacidade da ferrovia e a possibilidade de realmente escoar a produção.
– Já é um grande passo para poder viabilizar novos investimentos no Estado – diz.
Ainda não há projeções para a próxima safra, mas a perspectiva é positiva.
– Como ainda temos no Mato Grosso do Sul muitas unidades em fase de consolidação de canaviais, a expectativa é de que aumente a safra. No entanto, ainda não temos essa análise completa – afirma Hollanda, lembrando que a safra que acabou de se encerrar tinha uma projeção inicial de 20% de crescimento, mas, devido às chuvas, cresceu menos que 1%.
Para a safra 2011/2012, a projeção inicial da Biosul era de 2,05 milhões de metros cúbicos, após produzir 1,84 milhão no ano anterior e 1,26 milhão na safra 2009/2010.