Modernização
? Precisamos modernizar o Ministério da Agricultura para que possa acompanhar o grande avanço do setor produtivo rural. Há um descompasso entre um setor que avançou muito nos últimos anos, sobretudo na última década, e uma estrutura que permanece basicamente a mesma de 30 anos atrás ? avaliou o ministro.
De acordo com Rossi, a partir de 2011 será realizado um grande diagnóstico envolvendo toda a equipe da pasta para definir como o ministério pode responder de forma mais eficiente às demandas da sociedade e, principalmente, dos produtores rurais. Ele mencionou, por exemplo, que é necessário reduzir o tempo de conclusão de processos como os registros de produtos e de certificação de origem.
? Hoje, o agronegócio representa 26% do PIB e 42% das exportações e a resposta à sociedade tem sido dada por um ministério que foi montado numa época em que não chegávamos à metade desses números ? afirmou.
Apoio ao setor rural
O ministro afirmou que haverá uma integração entre a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) e o Seguro Rural.
? Vamos estudar se mais recursos forem aplicados para ampliar o seguro rural será possível dar a segurança de renda que o país precisa para seus produtores ? disse.
Segundo Rossi, a intenção não é substituir a PGPM, mas investir o orçamento de forma mais eficiente para que o Brasil possa ter um seguro rural mais abrangente, capaz de cobrir os riscos climáticos e também os riscos mercadológicos. Ele lembrou que o Fundo de Catástrofe, sancionado em agosto, foi um passo importante para promover a expansão do seguro no Brasil. Explicou ainda que o setor precisa de um apoio mais efetivo para assegurar a renda do produtor.
? A garantia do preço mínimo tem sido eficiente, mas a política é centrada nos custos de produção variáveis, que consideram apenas os desembolsos que o produtor faz a cada ano para determinada cultura ? informou o ministro.
? Esse é um projeto de longo prazo e não apenas para o primeiro ano de governo e que responde a uma demanda de todo setor produtivo ? completou.
Abertura de mercados
? Há um esforço grande para que possamos aumentar o nosso comércio com Extremo Oriente, principalmente para a carne suína ? informou o ministro.
Os mercados prioritários para o Brasil são China, Japão e Coreia. Rossi reforçou que o Ministério da Agricultura está enfrentando todas as barreiras impostas aos produtos nacionais.
? Uma delas é a própria abertura de mercados com o Extremo Oriente. Com sucessivas aproximações, estamos prestes a estabelecer um acordo comercial ? disse. O ministro comentou também o sistema de cotas da Rússia para as carnes. Conforme Rossi, um encontro que ocorrerá no início do próximo ano, em Berlim (Alemanha), deve fechar as negociações entre as autoridades russas e brasileiras sobre o assunto.
? Nossa bandeira é que se cotas forem mantidas, que não sejam demarcadas geograficamente porque o Brasil entra e ganha espaço ? relata o ministro. Isso ocorreu, lembra Wagner Rossi, com a carne bovina, que tem um sistema de cotas mais aberto, e o Brasil forneceu, em 2009, 50% do produto consumido na Rússia. Há uma terceira limitação mencionada pelo ministro, que é a mercadológica sob alegação sanitária.
? Alguns países não podem evitar que o Brasil ganhe mercado, então, fazem alegações sanitárias, na maior parte delas, absurda. Por exemplo, o Brasil não tem nenhum caso de febre aftosa há mais de quatro anos ? enfatiza.
Para enfrentar essa situação, o Ministério da Agricultura, em conjunto com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, está preparando uma campanha de esclarecimento sobre as condições produtivas no Brasil, envolvendo sanidade, qualidade e condições de preço.
? Percebi, principalmente quando estive na Europa, que o nível de informação da população é muito baixo sobre a produção brasileira. Quando o projeto estiver pronto vamos chamar a iniciativa privada a participar dessa campanha ? concluiu.
Novo modelo de financiamento
Wagner Rossi anunciou um projeto para combater o desenvolvimento desigual dentro da agropecuária.
? Há uma diferença entre a situação do produtor agrícola e do pecuarista em relação à organização dos setores, especialmente no que diz respeito ao acesso a financiamento ? ponderou.
Segundo o ministro, é necessário criar uma linha de crédito mais específica para a pecuária, que seja capaz de enfrentar questões de médio prazo, como o sacrifício das matrizes que aconteceu alguns anos atrás e está repercutindo hoje com a diminuição da oferta de boi. Rossi ainda citou linhas especiais para a fruticultura.
? O setor tem um potencial enorme em áreas irrigadas e no Nordeste e precisa ter um apoio similar ao que outras culturas já têm ? reforçou. Rossi ressaltou a importância de ações de médio e longo prazo para o trigo.
? Precisamos sair de uma ação pontual para uma política estruturante. O objetivo não é a autossuficiência, pois temos uma parceria forte com Argentina, Paraguai e Uruguai. Temos que melhorar a qualidade do trigo, que tem muita relação com o preço pago ao produtor ? explicou.
Exportações
? Estamos batendo recordes de exportação com o dólar da forma como ele está. Exportamos de janeiro a novembro US$ 70,3 bilhões em produtos da agropecuária, o que nos aproxima do recorde de todos os tempos, que foi em 2008, quando chegamos a US$ 71,8 bilhões ? anunciou Rossi.
? É quase certo que tenhamos a maior exportação agrícola e pecuária da história do país, com o maior superávit nessa área. Devemos superar os US$ 60 bilhões ? afirmou.
Código Florestal
Wagner Rossi defendeu que qualquer aperfeiçoamento do Código Florestal deve ser feito pelo Congresso Nacional, especialmente no Senado, após a votação no plenário da Câmara prevista para ocorrer esta semana.
? A sinalização para o setor rural de que haverá regras mais justas e mais adequadas já seria um grande avanço. O trabalho do deputado Aldo Rebelo foi extremamente equilibrado. Ele não abriu nenhuma possibilidade de aumento do desmatamento, não diminuiu qualquer defesa dos biomas ? disse, se referindo ao relatório do deputado do PCdoB de São Paulo sobre o Código.
Rossi citou também a iniciativa do Ministério da Agricultura, pioneira no mundo, de estabelecer ações para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, como é o caso do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC).
Qualidade do Café
?Temos colocado várias cadeias produtivas juntas para conversar e isso foi muito positivo no café ? classificou o ministro. Ele informou que o governo, em conjunto com a iniciativa privada, está iniciando o plano de melhoria da qualidade do café no mercado interno, prevista na Instrução Normativa nº 16, que entrar em vigor em fevereiro de 2011.
? Conseguimos estabelecer 100% de controle na pureza, 100% de controle na umidade. Para o aspecto sensorial, que é mais subjetivo, vamos fazer, numa primeira fase, o apoio do governo treinando provadores de café ? relatou.
Segundo Rossi, a formação de degustadores começa em janeiro e esses profissionais percorrerão as indústrias para orientá-los sobre como melhorar a qualidade sensorial do produto (aroma e sabor). O ministro comemorou também a autorização para que o Brasil negocie o café na bolsa de Nova York. Ele avalia que o país pode ainda ganhar mercado já que o produto nacional tem ótima qualidade em grande quantidade.
? Temos, indiscutivelmente, o melhor café do mundo ? reforçou.
Índice de produtividade
? Tenho resistência à ideia de impor um índice de produtividade a uma propriedade determinada. Na verdade, quem deve definir o que, como e quando o produtor vai produzir é o mercado, a visão que ele tem da oportunidade de negócios, de perspectiva de preço e demanda interna e externa ? opinou o ministro.
? Quem quer definir os índices está pensando em um Brasil de 30 anos atrás, quando havia necessidade de um mecanismo como esse, pois não existiam terras disponíveis para a reforma agrária. Hoje, há muitas terras disponíveis e a possibilidade se adquirir terras no mercado ? concluiu Rossi.