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Monitorar a fertilidade do solo pode reduzir custo de produção

Fazer o monitoramento da fertilidade do solo da propriedade pode reduzir o custo de produção, tanto por meio de análise de solo, quanto por análise foliarAntes de cultivar qualquer espécie (milho, soja, braquiária solteira ou consorciada e cana), o agricultor precisa saber minimamente duas coisas: qual a característica física do solo (teor de argila), porque isso impacta diretamente na dose de fósforo que será aplicado no solo; e como está a fertilidade do solo, que é definida por meio da análise química.

Fazer o monitoramento da fertilidade do solo da propriedade pode reduzir o custo de produção, tanto por meio de análise de solo, quanto por análise foliar, que auxilia a tomada de decisão para o agricultor definir qual fonte, quantidade e momento de aplicação do adubo na safra seguinte.

Mas como agir, quais os passos o produtor e o técnico devem seguir? Confira o que diz o pesquisador Carlos Kurihara, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), que atua na área de Fertilidade do Solo.

Análise do solo e foliar

Com a análise de solo, o produtor rural conhece a fertilidade de cada gleba de sua propriedade e, com isso, consegue-se definir a adubação do próximo cultivo de forma racional. O primeiro passo, em termos de fertilidade do solo, é corrigir a acidez do solo com calcário.

– Não adianta aplicar adubo sem corrigir a acidez, porque o agricultor vai jogar dinheiro fora – afirma Carlos Kurihara.

Em geral, o período indicado para a análise de solo é no outono/inverno. O objetivo é dar tempo para que o agricultor aplique o calcário no solo, que deve reagir antes do cultivo da soja na safra de verão. Com base na análise de solo, também será definido se outro insumo de extrema importância deverá ser aplicado: o gesso.

– O gesso beneficia o aprofundamento do sistema radicular, o que faz a planta aguentar alguns dias a mais em condições de estiagem prolongada – explica.

Kurihara lembra que, na Região Sul de Mato Grosso do Sul, é muito comum ocorrer estiagem prolongada em dezembro e janeiro, período em que a soja já está em pleno florescimento. É quando a soja mais demanda nutriente e a perda de água do solo por evaporação e da planta por transpiração é muito elevada.

– Mas, se a planta tiver um sistema radicular mais desenvolvido, mais aprofundado, beneficiado pelo gesso, haverá menos perda de grãos do que em uma área de soja que não teve aplicação de gesso – ressalta.

Aplicado o calcário e o gesso, o produtor já pode pensar em aplicar o adubo. Com a análise de solo, será possível saber qual a dose ideal de adubo, a melhor fonte e o melhor momento de aplicação.
A análise do solo pode ser realizada a cada três anos. Neste prazo, os teores de nutrientes já terão mudado bastante, dependendo também do manejo que o agricultor faz em sua lavoura.

A análise de folhas é feita em épocas previamente padronizadas e pode ser realizada de três em três anos, assim como a análise de solo, por serem complementares. Mas não é necessária a análise das duas culturas.

De posse da análise de folha, o extensionista pode fazer a interpretação via faixa de suficiência e também pode fazer a interpretação pelo método DRIS. Um método complementa a informação do outro.

Sistema Convencional X SPD

No Sistema Plantio Direto (SPD), há o acúmulo gradativo de matéria orgânica, decorrente da deposição de resíduos culturais na superfície do solo, um dos princípios básicos do sistema (os outros dois são o não-revolvimento do solo e a rotação de culturas). Segundo Kurihara, isso permite um ambiente melhor em termos de fertilidade e de eficiência no uso de nutrientes, especialmente o fósforo.

O resultado é a menor perda do adubo fosfatado e, em função da cobertura do solo com palhada, o solo conserva a umidade por um período maior de tempo. Essa umidade é importante para o sistema radicular absorver a água, como também para transportar o nutriente do solo para chegar até a superfície da raiz.

Apesar do solo ser rico em fósforo, com a baixa umidade o nutriente não consegue ser transportado para o sistema radicular. O resultado é uma planta com desenvolvimento menor e, consequentemente, com uma produção de grãos menor.

Adubação fosfatada corretiva no SPD

A partir de três anos de pesquisa em Dourados, realizado pelo pesquisador Carlos Kurihara e acadêmicos orientados por ele, foram definidos critérios para adubação fosfatada corretiva de acordo com o nível de correção desejada. Os critérios são os seguintes: anualmente colocar uma quantidade um pouco maior de adubo fosfatado na linha de semeadura da soja para que sobre um pouco de adubo. Dessa forma, ao longo de três a quatro anos, a correção fosfatada será realizada de forma gradativa.

Considerando que a soja é cultivada num espaçamento de 45 centímetros normalmente, espera-se que ao longo de quatro anos, adubando-se o solo com um pouco mais de fósforo na linha, haja uma boa correção da camada superficial (de 0 a 10 cm).

Nesse trabalho também foi desenvolvida pela pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste uma tabela com a dose de adubo que deve ser aplicada no solo para fazer a correção adequada, usando-se fonte solúvel, de acordo com o nível em que o agricultor deseja aumentar a disponibilidade de fósforo no solo (mg/dcm³).

A tabela estará disponível em Circular Técnica que será publicada em breve no Portal da Embrapa Agropecuária Oeste no menu Publicações.

– Incentivado pelo pesquisador Luís Armando Zago, que captou essa demanda em conversa com agricultores, desenvolvemos esse trabalho, justamente no momento em que eu estava conduzindo um experimento de adubação fosfatada. Aproveitamos para conciliar a demanda dos produtores com o trabalho que já estava em andamento – diz Kurihara

Adubação na sucessão soja com milho-braquiária

Outro trabalho de pesquisa realizado por Kurihara em parceria com Gessí Ceccon, engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Agropecuária Oeste foi a adubação na sucessão soja com milho-braquiária. As pesquisas foram conduzidas em Dourados  durante quatro safras de milho safrinha e de soja. A escolha do município foi por ter um solo bastante argiloso, cerca de 60% de argila.

Se o produtor optar pela adubação em apenas uma das culturas ou fizer uma única adubação por ano, ele pode aplicar o adubo no cultivo do milho da safra antecedente, ou então, a lanço no período de outono/inverno. Se o agricultor fizer o contrário, empregando todo o adubo previsto na sucessão soja/milho segunda safra no cultivo da leguminosa, o que implicaria no cultivo de milho safrinha sem adubo, pode haver prejuízos no rendimento de grãos do milho, uma vez que esta gramínea apresenta limitações para o aproveitamento do efeito residual do fertilizante aplicado na soja.

Adubação nitrogenada no milho segunda safra

Também em parceria com Gessí Ceccon, estudos mostram que é possível estimar qual o nível ótimo de adubação nitrogenada em milho safrinha, aplicada tanto em semeadura quanto em cobertura do milho safrinha, de acordo com o custo do adubo nitrogenado no ano que o agricultor está trabalhando e também da  expectativa do preço do grão de milho que será colhido naquela safra.

Quanto maior o custo do adubo, menor será a recomendação de adubação nitrogenada, porque a margem de lucro será menor. Quanto maior a expectativa de preço do grão de milho, maior poderá ser o investimento em adubação nitrogenada.

Por meio de cálculos matemáticos, os pesquisadores conseguiram estimar qual é a melhor dose de adubo nitrogenado para cada cenário de preço de adubo e preço de milho.

– Para um patamar de 8,5 mil quilos de grãos por hectare, os trabalhos têm demonstrado que a adubação nitrogenada em torno de 40 a 50 kg de nitrogênio é bastante interessante, porque se tem uma margem de lucro boa – exemplifica o pesquisador da Embrapa.

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