O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, afirmou que é possível rever a moratória da soja caso o país consiga comprovar o controle do desmatamento ilegal. Segundo ele, a entidade já vem alertando compradores no exterior que produtores têm questionado “com muita veemência” e que a política “precisa ser repensada”.
Nassar assinalou que, se os órgãos de fiscalização garantirem que produtor cumpre o Código Florestal e que, se desmata, é com autorização de supressão, é possível pedir aos clientes externos que paguem um prêmio aos agricultores se quiserem de fato desmatamento zero (nem legal nem ilegal). “A gente quer que nosso importador valorize o produtor brasileiro, reconheça que ele tem reserva legal, que as emissões da produção de soja no Brasil são 30% menores do que a soja norte-americana”, declarou.
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Impasse
Na quinta-feira, 7, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, confirmou que a entidade questionará o programa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Nassar contou que a Abiove aguarda uma notificação sobre um possível recurso dos produtores junto ao Cade para se posicionar. “Fiquei sabendo dessa intenção por declarações públicas do presidente da Aprosoja Brasil”, afirmou.
Para o representante da Abiove, produtores deveriam estar ao lado das tradings, mas “optaram pelo conflito”. “As associações deveriam estar conosco, cobrando do governo uma forma de identificação do desmatamento legal e segregação do ilegal. Tem o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que já está aí. Sistema para fazer isso tem”, disse.
Defesa
O argumento de que a moratória não passa de uma tentativa comercial de reduzir preços ao produtor, segundo Nassar, não se sustenta. Ele afirmou que a moratória foi criada para atender à demanda de clientes no exterior. “Como no Brasil, o setor privado não tem uma ferramenta para identificar o que é desmatamento legal e ilegal e nem o Estado identifica e embarga produtores oficialmente por estar desmatando ilegalmente, a nossa resposta lá atrás (na criação da moratória) foi de que no bioma amazônico não compramos mais de área aberta depois de 2008”, afirmou. “Conseguimos caracterizar que a moratória foi criada para proteger o mercado da soja, sobretudo o mercado europeu, que é quem compra 50% do farelo de soja que a gente exporta. A Europa é muito importante para o nosso produto industrializado.”