MPF pede paralização de térmicas de Candiota, no RS

Uma das ameaçadas é a Fase C, que a presidente Dilma iria inaugurar em janeiroSob o argumento de que o complexo termelétrico de Candiota, no sul do Rio Grande do Sul, está provocando prejuízos ambientais, o Ministério Público Federal (MPF) quer parar as três usinas. Entre as unidades ameaçadas, está a Fase C, que a presidente Dilma Rousseff havia se comprometido a inaugurar no dia 28, mas desmarcou na última hora.

No início da semana, a procuradora da República em Bagé, Paula Schirmer, emitiu duas recomendações para que o Ibama suspenda as operações das fases A e B da termelétrica Presidente Médici e anule a licença de operação da Fase C concedida no final do ano passado. A decisão é baseada em medições do final de 2010. Políticos com trânsito no Planalto observaram ontem que a contestação à operação das usinas pode ter contribuído para que Dilma adiasse a inauguração da Fase C, apontada como maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Região Sul.

Segundo o MPF, desde 2005 a Fase A e B têm emissões acima do permitido. Dados que a procuradora sustenta serem do próprio Ibama indicariamque a Fase A extrapola o limite para dióxido de enxofre em oito vezes, enquanto a B joga no ar material particulado 26 vezes acima do tolerado. A recomendação ao Ibama sustenta que a situação gera riscos ambientais e à saude. Conforme a Procuradoria da República no Estado, Paula Schirmer entrou em férias na terça e não foi localizada. O Ibama informou ainda não ter sido notificado pelo MPF.

Responsável pelas usinas, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) admite problemas com as fases A e B e avalia que a saída para não ter de paralisar o complexo será negociar prazos com o Ibama. Em relação à Fase C, que opera há um mês, o presidente da empresa, Sereno Chaise, nega problemas.

? É um absurdo, a Fase C está equipada. Foram feitos os testes e o Ibama tem os resultados ? disse Sereno, que não vê relação entre a ação do MPF e a desistência de Dilma.

As três fases geram hoje 344 megawatts (MW), o suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes. Para o presidente da CEEE, Sérgio Souza Dias, uma eventual paralisação do complexo traria problemas de confiabilidade do sistema elétrico para a metade sul do Rio Grande do Sul, apesar de o abastecimento ser garantido pelo sistema interligado nacional.