No estado, boa parte dos produtores está optando por escalonar a semeadura da oleaginosa, para não ter problemas na época do plantio, com toda a área ficando pronta ao mesmo tempo
Pedro Silvestre, de São Gabriel do Oeste (MS)
Após um começo preocupante, o tempo colaborou e o plantio de soja em Mato Grosso do Sul avança em ritmo acelerado. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), até o momento mais de 50% da área estimada já foi plantada. O clima é de tanto otimismo que alguns produtores estão esperando uma grande produtividade. Um caso em especial espera colher 108 sacas de soja por hectare.
Olhando o bom desenvolvimento das plantas, com estandes e uniformidade perfeitos nem dá para acreditar que a lavoura de soja de Sebastião Cruciol Filho foi semeada no começo de outubro. O segredo de tanta vitalidade, segundo o agricultor, está na boa umidade do solo.
“Na nossa região o regime de chuva está muito bom, excelente até. Um dos melhores anos. Começou chover no final de setembro, com regularidade. Estamos plantando e tendo uma germinação muito boa, muito rápida. Normalmente na primeira quinzena de outubro as chuvas são muito irregulares, esse ano que está sendo um ano atípico”, diz Filho.
O agricultor vai repetir a mesma área dos últimos 3 anos, cerca de 1,3 mil hectares. A expectativa é terminar o cultivo até o fim de outubro. A rapidez aliada ao bom desempenho nas primeiras áreas germinadas, anima o agricultor.
“Para ter uma boa safra é preciso uma boa implantação das lavouras. Conseguimos um estande muito bom, as plantas estão nascendo todas juntas. Se as condições continuarem como estão, devemos ter uma safra muito boa. Nos últimos anos colhemos acima de 108 sacas por hectare, e esperamos pelo menos conseguir repetir isso, pois tivemos um investimento alto. Esse ano teve um custo mais alto, então temos que ter uma boa produtividade para conseguir cobrir isso”, diz Cruciol Filho.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Julio Bortolino, no começo de setembro tinha uma perspectiva de atraso nas chuvas por conta do El Niño. Mas ocorreu totalmente o inverso, as chuvas chegaram mais cedo e de maneira espaçada, o que permitiu maior velocidade do plantio.
“Com isso, o agricultor adiantou o plantio. Áreas menores já terminaram, inclusive. Tem gente parado dando o espaço entre um plantio e outro e outros que preferem esperar uma janela melhor para a soja, sem ter muita preocupação com a safrinha”, conta.
Ainda segundo o presidente do sindicato, a estratégia de retardar um pouco o plantio, adotada pelos agricultores mais adiantados é para evitar prejuízos e o aumento de custos na colheita.
“Quando nos aproximamos da colheita, mesmo cultivares diferentes cultivares tem um ciclo muito próximo e ficam prontas juntas. Com isso até que a colheita avance, a perda de umidade será muito grande, com perdas de 5% ou 6% do produto em peso. Então o produtor está escalonando o plantio, para otimizar as máquinas de colheita e para fazer a colheita sem perdas”, conta Bortolino.
Essa estratégia foi adotada pelo produtor Edson Brunelli. Nesta safra o agricultor aumentou em 140 hectares a área destinada à soja. Após um início de plantio acelerado, resolveu acalmar os motores das plantadeiras e terminar aos poucos o cultivo dos 40% restantes.
“No ano passado demorou muito para a chuvas chegarem. Esse ano não, já começou logo cedo e o pessoal começou a fazer os manejos. Comecei dia 26 de setembro, porque a terra estava no jeito e o clima perfeito. Agora demos uma paradinha para não acumular na colheita”, diz.