Cerca de 200 manifestantes estão na sede do Incra desde segunda, dia 21, e prometem permanecer até o próximo dia 28, quando termina a Jornada da Via Campesina. Um dos objetivos é pressionar o poder público para agilizar o processo de demarcação de novas áreas. Só em Mato Grosso 1,5 mil famílias ligadas ao MST aguardam a criação de novos assentamentos.
? Nós não vamos ter falsas expectativas que as coisas vão mudar. Só depende do povo mobilizado e lutando. Mas se tiver um diálogo bom e se tiver uma relação com o superintendente e com os funcionários, dispostos a fazer um trabalho sério e fazer a atividade correta do Incra, que é fazer reforma agrária, com certeza melhora ? diz o coordenador MST-MT, Marciano da Silva.
Outra reivindicação é a melhor infraestrutura dos assentamentos que já foram criados. Os agricultores familiares reclamam da falta de recursos, de assistência técnica e das precárias condições de vida.
? Falta tudo, na realidade nós não temos nem a casa para morar. Somente um barraco de lona e que a cada três meses tem que trocar a lona. Estamos tentando produzir de tudo um pouco, mandioca, criação de frango, porco, milho, melancia, abacaxi, mas está difícil. Uma boa parte dos assentamentos não tem nem água ? conta o assentado Juvenal Avelino dos Anjos.
A ocupação da sede do Incra em Mato Grosso acontece em um momento de mudanças na gestão do órgão. Na segunda, o então superintendente regional, Willian César Sampaio, foi exonerado do cargo que ocupava desde 2009. Em seu lugar será nomeado o chefe de administração e finanças, Valdir Mendes Barranco, que irá assumir a função em meio a cobranças de maior diálogo com os movimentos sociais.
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O futuro gestor deverá ser nomeado oficialmente nesta quarta, dia 24. Em visita à sede do Incra, ele prometeu ampliar o diálogo com os trabalhadores sem terra e destacou as metas de sua administração.
? Áreas que já estão para decreto em Brasília e são lutas de muitos anos nós continuaremos para que elas possam realmente acontecer. A infraestrutura dos assentamentos que precisam acontecer de forma mais rápida, com as famílias tendo acesso a estradas, créditos, educação, para que possam ter sua renda melhorada ? afirma o superintendente do Incra-MT, Valdir Mendes Barranco.
Valdir Barranco também se posicionou quanto às denúncias de supostas vendas ilegais de lotes destinados à reforma agrária em Mato Grosso, que poderiam ter motivado a exoneração do ex-superintendente.
? Não permitiremos que aquilo que não é legal, que é ilícito, seja feito. E venda e compra de lotes é algo que é ilegal e nós combateremos diuturnamente para que estas práticas não continuem acontecendo no Estado ? relata.
A mobilização nacional pela reforma agrária cobra o assentamento de mais de 60 mil famílias acampadas em todo o Brasil, a recomposição do orçamento destinado à obtenção de terras e a renegociação de dívidas dos pequenos agricultores.
