MT: centro de pesquisas prioriza estudos sobre plantio em solos arenosos

Esta é a primeira unidade instalada do Centro de Aprendizagem e Difusão (CAD), no estado. O plano é criar mais unidades com outros temas

Pedro Silvestre, Campo Novo do Parecis (MT)
Não há um produtor sequer que não sonhe em aumentar sua produtividade, afinal isso lhe traria uma rentabilidade maior. Basta surgir alguma nova tecnologia ou técnica de manejo que prometa isso e os mais ousados já começam a testar. Claro que para dar certo é preciso considerar outras variáveis, como o clima, o solo, até mesmo a altitude. De olho no avanço dos ganhos produtivos, foi lançado em Mato Grosso, estado que mais cultiva soja no país, o primeiro Centro de Aprendizagem e Difusão (CAD), voltado a pesquisas sobre soja e milho em solos arenosos.

O foco em solos arenosos, escolhido para este primeiro CAD, é porque esta é uma das principais demandas do estado. Por isso o município de Campo Novo dos Parecis foi escolhido como a primeira sede, já que os solos por lá são exatamente assim.

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O pesquisador da Fundação Mato Grosso, Leandro Zancanaro, explica que nos últimos anos houve uma forte expansão das lavouras sobre áreas arenosas, que não eram terrenos ideais, mas que com o avanço das tecnologias se tornaram economicamente viáveis. O problema é que a produtividade nestas áreas não avançou muito e puxou a média do estado para baixo. Ou seja, há 15 anos as lavouras de Mato Grosso tem o mesmo rendimento médio de 50 sacas por hectare. “Ainda não encontramos um sistema de produção adequado para estas áreas arenosas, por isso a produtividade está estagnada”, afirma Zancanaro.”O desafio é encontrar um sistema de produção eficiente nestes ambientes mais frágeis.”

Segundo dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), o estado possui 9,4 milhões de hectares com lavouras de soja implantadas. Deste total, algo em torno de 1,5 e 2 milhões de hectares correspondem a solos frágeis (franco arenosa de menos de 20% de argila e textura arenosa menor de 15% de argila). “Geralmente, estas áreas tem produção muito menor do que as nossas áreas mais nobres com teor de argila maior. Mas, existem tecnologias disponíveis para possamos contornar esse problema”, diz o presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin.

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O CAD, inaugurado no último dia 17 de fevereiro é fruto desta preocupação e da união entre a Aprosoja-MT e a Fundação MT. A ideia das instituições é, futuramente, ampliar o projeto e desenvolver outros campos de pesquisas iguais a esse no restante do estado. “Este é o primeiro passo desta parceria. Agora vamos tomar a frente das pesquisas e mostrar para alguns produtores modelos de sistemas de produção interessantes que possam trazer ganhos produtivos”, afirma Dalcin.

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Na prática, parece mais uma sala de aula exclusiva para agricultores, com disciplinas de interesse para quem trabalha no campo, como fitopatologia e manejo de solo, por exemplo. Além da oportunidade de conhecimento, outro ponto positivo observado pelos produtores é a exclusividade dada a eles, já que não há a participação de representantes comerciais. “Isso aqui é uma demanda do produtor. São eles que estão financiando a pesquisa que faz a diferença na produção e na tecnologia que irão aplicar em suas propriedades”, frisa o presidente da Aprosoja-MT.

O produtor rural, Felipe Armando Schneider, conta que o solo de sua propriedade é bem arenoso e por isso achava que não tinha como conseguir boas produtividades com soja e colocava gado para pastar. Depois apostou em cultivar a soja e foi tentando melhorar os rendimentos, mas nunca encontrou maneiras adequadas de fazer isso. Agora, com o CAD, acredita que poderá ter bons resultados. “Participamos de outros dias de campo, mas este aqui vemos que todos estão a vontade.  Criticando, dando exemplo, perguntando e isso é muito positivo. Os produtores não são concorrentes, o que nós fizermos na nossa lavoura, se o produtor do lado quiser fazer, fique à vontade , dessa forma todos tendem a ganhar”, diz Schneider.

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