? É uma mudança em que todos ganham. Nós estamos vivendo um momento em que o consumidor brasileiro tem maior poder aquisitivo e está buscando alimentos mais saudáveis e diversificados. E tem recursos para pagar por isso ? disse.
O assunto será abordado no 18º Congresso Internacional do Trigo, que a Abitrigo realiza a partir desta segunda, dia 17, no Rio de Janeiro, com o tema Saudabilidade. Segundo o embaixador, todos vão ganhar com a mudança no sistema de classificação do trigo, “se a cadeia produtiva caminhar na direção de maior integração, maior qualidade e diversificação, no caminho de agregação de valor”.
Por isso, ele destacou a importância de que esse processo seja iniciado pelo produtor. Parte da safra de trigo nacional não encontra escoamento no mercado interno.
? É quase um milhão de toneladas. Então, é importante que haja um esforço comum de atender à demanda do mercado brasileiro por maior qualidade e diversidade ? declarou. Amaral acredita que essa evolução dará ao produtor melhor remuneração.
Ele defendeu que as classificações sejam “um pouco mais exigentes”, buscando melhorar a qualidade do trigo, para evitar que o governo tenha que subsidiar o produto que não encontra mercado no país e vem sendo exportado. O presidente da Abitrigo acredita que ocorrerá uma nova etapa na produção brasileira a partir de 2012, que não visa apenas a aumentar a quantidade, mas a melhorar a qualidade.
? E todos ganham: o produtor, que vai ter maior remuneração; o moinho, que vai ter farinha de melhor qualidade; a indústria de derivados, que vai ter melhor produto; e o governo, que não vai precisar gastar o que gasta todo ano para fazer o escoamento da produção.
Em relação ao consumidor nacional, Amaral ressaltou que ele terá um produto final mais valorizado, um trigo melhor, que é destinado à panificação, “que é o que ele quer”.
Durante o congresso, a Abitrigo firmará convênio com produtores do Uruguai, a exemplo do que foi feito com a Argentina, especificando os tipos de trigo que têm demanda no Brasil. O objetivo é criar uma harmonização entre a oferta e a demanda, disse o presidente da instituição.
O consultor institucional da Abitrigo, Reino Pécala Rae, lembrou que a meta é ter no país classes de trigo adequadas à demanda interna. A maior delas é por pão francês. A produção nacional de trigo para panificação, no entanto, é restrita ao norte e oeste do Paraná, a parte de São Paulo e à região do Cerrado, e não atende à demanda. Já o Rio Grande do Sul é capaz de suprir todo o mercado de trigo para a fabricação de biscoito, “e ainda sobra”.
O Brasil é um dos maiores importadores de trigo do mundo. O país importa metade da demanda, que alcança cerca de 10 milhões de toneladas por ano.
? A gente batalha pela melhoria da qualidade, no sentido de que os trigos produzidos atendam às necessidades do consumidor final ? disse Rae.
Segundo o consultor da Abitrigo, o Brasil é o único país cujo governo continua pagando o trigo pela quantidade produzida e não pela qualidade. Paralelamente ao 18º Congresso Internacional do Trigo, será realizada a Feira de Negócios, com apresentação e oferta de novos produtos, equipamentos e tecnologias avançadas.