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Há muito a fazer pela política externa brasileira, acreditam especialistas

Presidente Dilma fez cinco viagens internacionais desde o início do mandatoNos primeiros seis meses de governo, a presidente Dilma Rousseff fez cinco viagens internacionais: esteve na Argentina, Portugal, China, Uruguai e Paraguai. A nova gestão tem tratado da política externa, porém especialistas acreditam que há muito a fazer para ampliar o protagonismo do Brasil.

Um mês após a visita do vice-presidente Michel Temer à Rússia, começou o boicote a 85 frigoríficos do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná. Somente no dia 2 de julho técnicos brasileiros viajaram àquele país. A proposta do Brasil: reduzir de 236 para 143 as empresas capazes de atender às exigências do principal comprador de carne suína. Mesmo assim o fim do embargo é esperado para agosto.

A questão é política, explica o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral.

? A Rússia não é membro da OMC e por conta disso tem uma série de mecanismos como o de cotas, que acaba atrapalhando o Brasil. Mas mostra também que o Brasil precisa de uma melhor estruturação no seu sistema de defesa sanitária e, principalmente, de informação de Defesa Sanitária.

Cinco mil suínos. Só com ração e cuidados sanitários são R$ 200 mil por mês. As matrizes são vendidas para quatro frigoríficos do Centro-Oeste.

? Nós criamos suínos de alta qualidade. Os animais consomem ração a base de milho e farelo. Eles não têm doenças, têm o acompanhamento veterinário. Nós temos produção de alta tecnologia ? relata o suinocultor Marcelo Lopes.

O destino desses animais não é o mercado externo. Mesmo assim o embargo da Rússia às carnes brasileiras causa um prejuízo de R$ 80 por suíno. É porque o consumidor brasileiro também fica desconfiado. Com a especulação negativa sobre a qualidade do produto, as vendas na granja de Lopes caíram pela metade.

? Houve uma baixa do consumo de todas as proteínas de forma geral e o principal fator aqui, o que teve impacto sobre nós, foi exatamente o fato de não exportar: as agroindústrias voltaram para nós produtores querendo pagar preços mais baixos ? conta.

Mais bem-sucedida foi a visita de Dilma Rousseff à China. Durante uma semana, em abril, a presidente garantiu a abertura do mercado para a carne suína. E ainda abriu espaço para investimentos em tecnologia e comunicação.

? Os chineses estão, cada vez mais, investindo na economia brasileira, no pré-sal, em ferrovias, em ração. O papel do presidente nessas articulações é mais cerimonial, de alguma cobrança, iniciativa pessoal durante alguma visita, de lá ou de cá. A negociação em si é a cargo dos técnicos, diplomatas ? explica o cientista político David Fleisher.

Já a relação com os vizinhos argentinos foi bastante conturbada. Não surtiu muito efeito a cortesia de Dilma à colega Cristina Kirchner, na primeira viagem internacional como presidente.

O principal parceiro comercial na América Latina impediu, de janeiro a abril, a entrada de 2,5 mil máquinas agrícolas, além de 200 tipos de produtos. A reação brasileira foi impedir o ingresso de carros: de cada dez que entram no Brasil, cinco vêm da Argentina.

? Foi uma cartada arriscada porque poderia fazer o setor Mercosul se perder. Tivemos sorte e a negociação acabou levando a um reconhecimento de que há uma dependência mútua ? ressalta Barral.

? Não é querer dizer que a gente está tirando proveito em cima de países com economias fragilizadas, mas é mostrar que os fundamentos econômicos no Brasil estão fortalecidos e aí esse é o momento pra gente mostrar que tem saúde econômica, financeira e democrática ? explica a especialista em Relações Internacionais Fátima Faro.

Nos primeiros seis meses do atual governo o saldo da balança comercial, no geral, foi positivo. O aumento das exportações tem a ver com o bom momento das commodities, especialmente soja, milho e trigo. As importações também cresceram, o que segura a inflação e incentiva a produção da indústria. Por outro lado, os empresários ainda reclamam da valorização do real. O difícil é ajustar essa equação no concorrido mercado internacional. Há muito a fazer para ampliar o protagonismo do Brasil.

? Algo que ainda não foi implantado é a desoneração do comércio exterior e isso acaba dificultando a entrada de novos exportadores. O Brasil precisa ter uma estratégia de médio e longo prazo ? complementa o ex-secretário de Comércio Exterior.

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