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Agronegócio

Mulheres tomam à frente nas fazendas e grandes empresas do agro

Não existe “atividade de homem”; elas estão buscando especialização e dominando os altos cargos do setor

produtora com soja
Foto: MDA/divulgação

O número de mulheres à frente de estabelecimentos rurais cresceu seis pontos percentuais entre 2006 e 2017. O último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que elas comandam 18,6% das fazendas — quase 950 mil mulheres.

A pesquisa revela que a maioria delas têm mais de 45 anos e grande parte nunca estudou. Cerca de 190 mil cursaram até o ensino fundamental, 50 mil frequentaram o ensino superior e apenas duas mil têm mestrado ou doutorado.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural tenta melhorar essas estatísticas com cursos voltados ao público feminino. Segundo a coordenadora de Formação e Promoção Social da entidade, Deimiluce Coaracy, é histórico o problema na questão de gênero. “Elas engravidam muito cedo e, geralmente, saem muito precocemente da escola. Isso impacta na vida adulta”, afirma.

Deimiluce conta que o desafio é atingir essa classe que ainda não tem escolaridade. “Promovê-la socialmente precisa ser o foco da nossa instituição. Podemos mostrar que, nas atividades rurais, elas podem ser empreendedoras”, diz.

Mais de seis mil mulheres foram especializadas pelo Senar em 2018. De acordo com a coordenadora, cerca de 47% do público da instituição é feminino. “Elas têm se interessado em atividades que antigamente eram extremamente masculinas, como a mecanização agrícola”, declara.

A coordenadora do curso de agronomia da UPIS Faculdades Integradas, Janine Camargo, conta que a primeira turma tinha apenas 10 alunas. Hoje, são maioria na sala e no mercado de trabalho também.

“Elas têm conquistado espaço em grandes empresas do setor agro em geral. Quando ganham espaço, ficam e crescem rapidamente, alcançando postos de maior importância”, afirma Janine. Segundo ela, áreas como controle de qualidade dão inclusive preferência para mulheres, pois são mais detalhistas.

As mulheres também estão tomando o protagonismo na área de pesquisas. No quadro de funcionários da Embrapa, elas são mais de 2,8 mil, sendo que 330 ocupam cargos de chefia. Quase 900 profissionais têm doutorado ou pós-doutorado. Desde de 2007, mais de 1,9 mil projetos foram ou estão sendo liderados por pesquisadoras.

A diretora de Gestão Institucional da Embrapa, Lúcia Gatto, comemora os avanços. “São várias áreas com a coordenação das mulheres: nanotecnologia, biotecnologia, pastagens e diversas outras”, diz.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, segunda mulher a comandar a pasta, também enaltece o papel feminino no agro. “Antigamente, elas mandavam de dentro de casa. Hoje, muitas estão à frente, estudando e tocando os seus negócios, e tocando de maneira moderna”, ressalta.

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