Decisão esperada há muito tempo pelos países que competem com a China no mercado internacional, a desvinculação do yuan ao dólar foi elogiada por líderes mundiais. Até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu comunicado, numa demonstração da importância da medida para o país e para o comércio internacional. Mesmo em tom de apoio, as reações foram cautelosas porque o efeito da medida dependerá muito da forma como for implementada.
? É preciso aguardar os próximos desdobramentos ? afirmou em nota Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil.
O comunicado desse domingo do banco central chinês, que advertiu não haver “base para grandes flutuações ou mudanças”, reforçou o cuidado. Há quase dois anos câmbio chinês está fixado em cerca de 6,83 yuans por dólar.
Entre as razões do anúncio está a preocupação da China de não se transformar em principal alvo de críticas na reunião do G-20 prevista para o próximo final de semana.
Brasil favorecido
Há mais de uma década, o câmbio artificialmente baixo da moeda chinesa ajuda a tornar os produtos de exportação do país ainda mais baratos. Reforça, assim, outras vantagens competitivas da China no comércio internacional, como o baixo custo da mão de obra e as boas condições de negociação de matérias-primas, devido ao alto volume das compras.
A combinação desses fatores tornou o Made in China imbatível no mundo todo, ao ponto de comprometer vários segmentos da indústria em diferentes países. O mesmo ocorreu no Brasil, onde o governo adotou mecanismos de proteção comercial contra diversos produtos exportados pela China.
É por isso que, para os chineses, a decisão causa temor. A Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos avaliou que “a apreciação do yuan no longo prazo certamente terá muitos impactos negativos na indústria”. Conforme a instituição, a indústria chinesa já está sob pressão de custos mais altos e da competição com outros países.
O início da valorização do yuan não vai fazer com que os produtos chineses fiquem muito mais caros. Apenas devem perder, aos poucos, uma pequena parte da atratividade que marcou a exportação na última década. Até para não desacelerar o ritmo da locomotiva do Leste.