O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Morais Rosa, se manifestou o pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) para cancelar o registro da atrazina no Brasil.
Segundo Rosa, não há futuro na agricultura brasileira sem atrazina. “Hoje, esse herbicida desempenha um papel crucial no controle das ervas daninhas nas culturas de milho, cana-de-açúcar e soja. Especialmente para o combate à buva, uma erva daninha agressiva que prejudica consideravelmente as plantações, a atrazina é essencial para manter a lavoura limpa. Portanto, não podemos ignorar a importância da atrazina em nossa agricultura”, diz.
Se for necessário, a entidade vai recorrer de uma possível decisão judicial desfavorável, conta Rosa.
“O produto está registrado em mais de 50 países e tem sido utilizado com sucesso na agricultura brasileira por décadas. Nossa realidade envolve agricultores que utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ao manusear o produto, em sua maioria, aplicando-o com tratores de cabine fechada de pressão negativa. Isso garante que não haja contato direto com o produto, minimizando qualquer risco laboral. É importante ressaltar que o Ministério Público do Trabalho tem o legítimo papel de proteger os trabalhadores, mas é fundamental não extrapolar um caso isolado para toda a realidade da agricultura brasileira. Nosso setor é altamente tecnificado, investindo continuamente em equipamentos de segurança e, atualmente, é uma referência mundial em boas práticas”, afirma o diretor-executivo da entidade.
MPT quer banir produto no Brasil
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ajuizou ação na Justiça para pedir que a Anvisa cancele o registro comercial da atrazina, um herbicida presente em 5% dos defensivos agrícolas vendidos no Brasil. A atrazina é proibida na União Europeia desde 2003.
O MPT argumenta que a atrazina é um perigo para a saúde e a segurança dos trabalhadores rurais, das comunidades locais e do meio ambiente.
Órgão argumenta que o herbicida pode causar sérios problemas de saúde, incluindo câncer, distúrbios hormonais e reprodutivos e danos neurológicos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por fornecer o registro de defensivos no Brasil, não se manifestou sobre o pedido do MPT.
Autorizado no Brasil, o princípio ativo ocupou o 5º lugar nas vendas em 2021, somando 37.299 toneladas, o que representa 5% do total dos cerca de 400 produtos registrados no país.
Pesquisador diz que possível cancelamento é ‘preocupante’
Para o pesquisador Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja, a atrazina é uma importante ferramenta para os sistemas de produção do Brasil.
“Do ponto de vista técnico, do ponto de vista agronômico, eu recebo com preocupação a notícia do pedido de cancelamento da atrazina no Brasil”, diz.
No entanto, apesar ter importância para agricultura, Gazziero afirma que é preciso ter preocupação com questões de saúde.
“Mas antes de qualquer tomada de decisão, nós temos que analisar os estudos, as análises de riscos, principalmente realizadas aqui no Brasil, para ver se essas informações que são colocadas contra o uso do produto, elas de fato se confirmam”, afirma.
“Nós temos já alguns trabalhos que foram feitos nesse sentido aqui no Brasil e essa é mais uma discussão que se inicia contra alguns produtos que precisam de fato ser confirmadas antes de qualquer tomada de decisão”, complementa.