O agricultor Jadson dos Santos, de Ilhéus, relatou que sua propriedade foi saqueada e está completamente destruída. Segundo Santos, a situação vem sendo rotineira na região.
– Eles arrombaram o cofre, levaram tudo mesmo. Roubaram a escritura, documentos pessoais, além de R$ 5 mil que era para pagar os funcionários – disse Santos.
O produtor rural afirma que os supostos índios, na verdade, não pertencem a nenhuma tribo indígena.
– Aquelas pessoas não eram índios, eram assaltantes. Todos bandidos dizendo que são índios. Tão se aproveitando da situação e fazendo arrastão nas fazendas da região – disse.
A Polícia Federal esteve no local para ver a situação. Eles conversam com o grupo, que disse que só está lutando pelos seus direitos.
– Nós somos índios, temos direitos pelas terras. Queremos a propriedade para trabalhar – disse um dos invasores.
O representante dos produtores rurais, Abiel da Silva Santos, conta que 41 fazendas já foram alvo de roubos. Santos diz que os índios estão invadindo pequenas propriedades, de produtores que não tem condições financeiras, e que precisam ser indenizados.
– O decreto que regulamenta a demarcação de terra no país não dá como prerrogativa única e exclusiva, a demarcação. O ministro da Justiça pode rejeitar e pedir novos estudos, como também pode dizer que a terra não é indígena. Eles querem fazer pressão, como se a única opção do ministro fosse a demarcação. O pagamento de indenização para essa região não é suficiente, a maioria dos agricultores daqui não tem nem dois hectares de terras. Como vão tirar idosos de 70 ou 80 anos das suas casas? Nós temos escrituras de 1855, são registros de quando nem existiam cartórios no país. De repente a gente se vê num campo de guerra, onde pessoas são recrutadas das cidades para roubar e saquear moradores do meio rural da região – salienta.
O advogado da comunidade Serra do Padeiro, Valdir Mesquita, diz que os índios ocuparam áreas reconhecidas como território indígena.
– Os índios só ocuparam áreas reconhecidas por um estudo realizado pelo governo federal através da Fundação Nacional do Índio (Funai), que delimitou aquela área como território indígena. Ficando a depender da publicação da portaria que determina a demarcação – salienta.
Segundo ele, essa promessa do governo que deixou a situação complicada na região.
– Os índios ficam no aguardo de que eles concluam seus trabalhos e definam seus territórios, e os produtores rurais também ficam na expectativa de ver suas terras indenizadas. Na verdade, o governo federal fez o estudo do território indígena Tupinambá, definiu a área e publicou o relatório dizendo que ali faz parte das terras indígenas, porém, não publicou na portaria. O conflito pode ser tranquilamente resolvido se o governo assumir seu papel de cumprir com o compromisso – diz Mesquita.
Ele afirma que os índios estão lutando pelos seus direitos e que é um equivoco dos produtores duvidarem da veracidade dos índios.
– O que falam dos índios pode ser exagero, o que eles querem é regularização do seu território. Os produtores rurais estão dizendo que essas pessoas são supostos índios. Não cabe a nós ou aos produtores afirmar se são ou não índios. São índios porque são reconhecidos pela comunidade e porque se reconhecem como índios, é o que a lei diz sobre ser índio. Acontece também que tem pessoas unidas com o movimento dos proprietários que estão levando a região ao desastre, saqueando o comércio, bancos e órgãos públicos – destaca.
Veja imagens de uma propriedade invadida, exibidas no Bom Dia Campo:
Advogado da comunidade Serra do Padeiro (BA) fala sobre ocupações:
Diretor do Sindicato Rural de Ilhéus, Una e Buerarema (BA) fala sobre a situação da região: