Néctar produzido pelo ingá é alternativa contra pragas do cafeeiro

Pesquisadores descobriram que no plantio consorciado das duas espécies, o cafeeiro é menos atacado por pragasPesquisas realizadas no município de Araponga, Zona da Mata Mineira, apontam o plantio consorciado de café com plantas como o ingá, como alternativa para aumentar o controle natural de pragas. O estudo orientado pela pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Mins Gerais (Epamig) Madelaine Venzon, indica que plantas de café próximas às árvores de ingá são mais protegidas contra o ataque de pragas.

– A importância desta pesquisa está em demonstrar que os nectários extraflorais [partes da planta que produzem néctar, mas não são responsáveis pela polinização] de uma planta podem proteger também as plantas vizinhas – afirma Madelaine.

A pesquisa, realizada por meio de uma parceria entre a Epamig Zona da Mata e Universidade Federal de Viçosa, foi desenvolvida pela estudante de doutorado em entomologia da UFV, Maíra Queiroz Rezende e propõe o controle biológico conservativo como forma de combater pragas e reduzir o uso de agrotóxicos na agricultura. A técnica consiste na manipulação do ambiente por meio do plantio de espécies que possam beneficiar predadores e parasitoides (inimigos naturais das pragas) fornecendo a eles alimentos e locais de refúgio.

– Os nectários extraflorais funcionam como um mecanismo indireto de defesa da planta. Os inimigos naturais são atraídos pelo néctar e acabam protegendo a planta contra potenciais herbívoros e contra as principais pragas do café, como o bicho-mineiro e a broca-do-café – informa a pesquisadora.

Os experimentos foram realizados junto a cafeicultores que já utilizam o cultivo agroecológico em sistemas agroflorestais, no qual o café é consorciado com outras espécies vegetais. Esses sistemas começaram a ser implantados em 1993, por meio de parceria com o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA).