A Bolsa de Chicago, como é conhecida pelos produtores, hoje faz parte do grupo CME, um gigante que também reúne as maiores bolsas de futuros dos Estados Unidos.
A crise em grandes economias do mundo não causou queda de preços nos produtos agrícolas. Ao contrario, o volume de negócios nos contratos agrícolas tem aumentado. Diferente do que aconteceu na crise financeira em 2008.
O diretor de novos produtos da Bolsa, Fred Seamon, diz que naquela época os preços caíram com a expectativa de uma demanda mais tímida por alimentos.
Segundo ele, logo depois a situação mudou, os preços subiram e hoje o que se vê é o crescimento continuo no consumo de proteína, pessoas passam da pobreza para a classe média, e isso tudo só valoriza produtos como soja e milho, diz o executivo.
Será que a vontade dos famosos especuladores, entre eles os fundos, também está ditando o que acontece com os preços agrícolas na bolsa?
O diretor garante que não. Ele afirma que vários estudos acadêmicos foram feitos sobre o assunto indicando que não há relação direta entre a especulação e a tendência dos preços.
De acordo com Seamon, nosso mercado é muito regulado. Acreditamos que a presença dos especuladores é importante, são eles que tomam o risco e permitem que as empresas e produtores façam o hedge, a proteção de preços. Assim se garante a liquidez na bolsa, diz o executivo. Ele não espera grandes mudanças na regulação do mercado agrícola.
? Hoje as propostas que vem sendo apresentadas, pretendem expandir para o mercado financeiro, aquilo que nós já praticamos no agrícola. Existe por exemplo um limite para posições especulativas, a CFTC gera relatórios toda a semana e também temos um controle interno, a empresa ou fundo que ultrapassa este limite é chamada para comprovar que se trata de um hedge, se não fizer isso, pode ser punida ? afirma.
Apesar desta regulação destacada pelos diretores da Bolsa, os analistas discordam desta neutralidade dos especuladores. A equipe do Canal Rural estive com R.J. O’Brien, uma das principais corretoras da Bolsa de Chicago. O milho subiu mais do que o ouro nos últimos doze meses.
O brasileiro Pedro Dejneka é consultor da R.J. O’Brien e trabalha nos Estados Unidos há 16 anos. Ele admite que os especuladores têm um papel importante para garantir a liquidez, mas deixa claro que os fundos influenciam sim, as cotações dos produtos agrícolas.
O que importa, segundo o analista, é que nem mesmo a vontade dos investidores hoje poderia mudar o cenário animador para os preços dos grãos.
Segundo Dejneka ainda há espaço para novas altas no preço da soja e do milho.
Esta reportagem é parte de série especial produzida pelo Canal Rural. Saiba mais no site!