Liberação de 500 mil toneladas de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Neri Geller: Hoje [nesta quinta, dia 9] vai sair a portaria e a partir da semana que vem nós vamos começar a lançar o edital para fazer o abastecimento, principalmente, da agroindústria no Sul do país. Falta assinar só a Casa Civil, está acertado. Não posso dar 100% [de certeza], mas 99,9% que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, só não assinou ontem [quarta, dia 8] porque não estava no ministério, mas vai assinar hoje e a partir de amanhã [sexta, dia 10] vai ser liberado.
Reposicionamento do milho de exportação para o mercado interno
NG: Nós temos 70% da produção, principalmente do Centro-Oeste, que está vendida no mercado internacional, venda antecipada. Nós estávamos na semana passada no estado de Mato Grosso e conversei bastante com o pessoal de Goiás. Como o mercado interno está muito aquecido, muito acima do mercado internacional e os estoques mundiais não estão tão baixos, então está se reposicionando o milho. Esse vendido no mercado internacional acaba sendo recomprado e abastecendo o mercado interno e tanto que lá em MT, há 15 dias, quando se iniciou a colheita, o milho estava sendo vendido a R$ 35 e hoje já está a R$ 27. Conversei com o pessoal da agroindústria lá do Centro-Oeste, por exemplo, a BRF. Ela comprou de uma empresa exportadora já, 5 mil toneladas. Esse milho iria para fora, então essas tradings vão reposicionar os navios e vão vender para o mercado interno, até porque está dando mais lucro.
Agroindústria brasileira no mercado de compra antecipada
NG: Temos reunião na Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), na quarta, às 14h, para falar disso. Se a agroindústria tivesse comprado o milho, como as tradings compraram a R$ 18, R$ 19, não estariam comprando hoje a R$35, R$ 30, ou R$ 28 no estado de MT. Então, nós precisamos fazer essa aproximação, exatamente para você viabilizar o estoque privado aqui no Brasil. O governo não vai resolver tudo, não tem orçamento para isso. O governo talvez pode entrar com alguma linha de crédito, para que a agroindústria possa carregar parte desse estoque.
Desoneração de PIS/Cofins na importação
NG: Nesse momento de crise de abastecimento é até viável e nós estamos trabalhando sobre essa possibilidade, sim. Agora, nós temos que ter bastante cuidado para não viabilizarmos concorrentes, lá fora, com nosso produtor. Então, nós precisamos calibrar isso. Eu sei até onde dá pra ir. Nós vamos trabalhar para liberar, mas deixando claro que é por um tempo determinado. Existe, sim, um trabalho sendo feito para importar milho sem o PIS/Cofins, mas isso por um tempo determinado, é importante que a agroindústria saiba disso.
Quebra da safra
NG: Particularmente, acho que no decorrer da safra, daqui a 30 dias, quando fizer outro levantamento, nós talvez possamos recuperar um pouco disso, porque as últimas chuvas acabaram fortalecendo e a produção não está tão ruim, ao menos é o que se sente. Lógico que isso não são dados oficiais, mas a gente sente que pode recuperar um pouquinho e, talvez, a segunda safra, principalmente em MT, ser um pouco melhor.
Dívidas de custeio para arrozeiros de 32 municípios do RS
NG: Na terça [dia 7] eu tive uma reunião com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda pautando que realmente é necessário. Estamos discutindo isso internamente. E também entrou na pauta a questão do Matopiba, que é o mesmo problema. Eu sentei na segunda [dia 6], tivemos uma reunião às 9h da manhã, fui chamado na sede da Abrapa [Associação Brasileira dos Produtores de Algodão], com a nossa equipe, e exatamente foi colocado esse problema sério. Teve a quebra, infelizmente não produziu, e nessas regiões pontuais nós vamos trabalhar. Sabendo do problema econômico que o país passa, temos problema para avançar, mas eu percebi por parte do ministro da Fazenda que tem sensibilidade. Até porque, nesse caso, não é gasto, é investimento. Manter esses produtores na atividade é importante para a economia do país. Se a decisão for tomada, vai ser por votação no CMN [Conselho Monetário Nacional]. Não posso dar uma data, porque não depende da gente.
Aumento no Seguro Rural 2016/2017
NG: Já conseguimos recompor parte do orçamento do seguro. A gente recompôs uma boa parte do orçamento, ao menos R$ 120, R$ 150 milhões. Ele é um orçamento do ministério, foram R$ 361 milhões que haviam sido contingenciados, nós conseguimos recuperar e eu vou trabalhar forte para ser R$ 150 milhões. Logicamente que nós vamos fazer uma discussão dentro do ministério, porque têm outras prioridades que não ficam na minha pasta, que tem que ser respeitadas.