Noble diversifica operações no Brasil com Cerradinho

Trading asiática adquiriu duas usinas de açúcar e etanol do Grupo CerradinhoCom a aquisição de duas usinas de açúcar e etanol do Grupo Cerradinho, a trading asiática Noble Group deu um novo passo para a diversificação de suas operações no Brasil, além de se consolidar definitivamente no setor sucroalcooleiro.

? Foram US$ 2 bilhões investidos no País nos últimos quatro anos ? afirma o CEO mundial da Noble, o brasileiro Ricardo Leiman. Neste total, encontram-se os US$ 950 milhões pagos pelas usinas do Grupo Cerradinho e também os US$ 200 milhões que estão sendo investidos na construção de uma esmagadora de soja e usina de biodiesel em Mato Grosso.

Além disso, a Noble está presente no setor de café, onde tem 6 armazéns próprios na região de Alfenas, em Minas Gerais, armazéns de algodão na Bahia e de soja e milho em Mato Grosso. A trading também inaugurou no início deste ano seu terminal portuário em Santos, litoral paulista, preparado para o embarque de grãos e açúcar. Outro terminal portuário, para combustíveis líquidos, foi inaugurado em Itaqui, no Maranhão.

? A Noble também está presente no setor de fertilizantes, onde teremos uma produção de 750 mil toneladas em três anos, e na mineração de ferro ? acrescenta.

Leiman afirma que o Brasil é um país estratégico para a Noble em virtude do baixo custo de produção de commodities.

? Temos um baixo custo operacional na cadeia de suprimentos do Brasil,  o que facilita a originação de produtos brasileiros para países que registram alto crescimento na demanda ? disse.

O setor sucroalcooleiro é o primeiro em que a Noble entrou também na produção da commodity, além da originação. Segundo o executivo, nas duas usinas que a Noble já comanda, a Meridiano e a Noroeste Paulista, e nas duas adquiridas pelo Grupo Cerradinho, a Catanduva e a Potirendaba, a Noble conta com 65% de cana própria.

? Não possuímos plantações de café nem de grãos no Brasil, mas produzimos grãos na Argentina, Uruguai e África do Sul ? informou. Em relação à originação, a Noble está entre os cinco principais players dos setores de café, algodão, soja, milho e açúcar/etanol do Brasil.

O executivo explica que a negociação com o Grupo Cerradinho foi rápida, mas nos próximos dois meses será realizado uma due diligence.

? Não esperamos encontrar surpresas no processo de análise de ativos das usinas adquiridas ? diz ele.  A Noble já estava procurando aumentar sua participação no setor sucroalcooleiro há mais de um ano.

? Chegamos a participar da licitação para a compra da Equipav, por exemplo, mas não estávamos interessados em participação minoritária. Queríamos o controle ? ressalta. 

A Noble adquiriu 100% das duas usinas paulistas do Grupo Cerradinho por US$ 950 milhões e leva também a dívida, avaliada em torno de R$ 1 bilhão. Segundo Leiman, embora a dívida já esteja estruturada, a Noble tem a capacidade de conseguir condições melhores no mercado internacional, com juros menores e prazos mais estendidos. Agora, com quatro usinas de açúcar e etanol, a Noble vai processar 17,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produzir 1,34 milhão de toneladas de açúcar, 600 milhões de litros de etanol e 750 Megawatt de excedente exportável de bioeletricidade a partir da cogeração de bagaço de cana.