Norma que exige avaliação constante de transgênicos liberados para comércio será revista

Rigor brasileiro no controle de monitoramento está sendo questionado pelo CanadáA comissão responsável pelos alimentos transgênicos começou nesta quinta, dia 18, a discutir uma nova forma de monitorar esses produtos depois de liberados comercialmente. As regras brasileiras estão sendo questionadas pela Agência de Inspeção de Alimentos do Canadá.

No Brasil, as empresas de biotecnologia são obrigadas, por exemplo, a monitorar os animais que se alimentam de transgênicos para verificar se há resíduo do produto. Esse controle é considerado rígido e, segundo cientistas, vai além do previsto em acordos internacionais.

? Nós temos recebido sugestões e indicações de alguns dos itens ou das normas, que nós colocamos, podem vir a trazer problemas, vamos dizer, de ordem de comércio internacional. Podem vir a trazer problemas de serem não factíveis do ponto de vista técnico de serem executados ? avaliou o presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edílson Paiva.

O argumento da maioria dos membros da CTNBio é de que antes de o produto transgênico ser liberado comercialmente, ainda na fase de pesquisas, ele é submetido a diversos testes que avaliam, por exemplo, eventuais riscos. Depois de disponível no comércio, esse mesmo produto não precisaria passar por um monitoramento tão rígido.

? É uma adequação da Resolução Normativa às formas internacionais de fazerem análise de risco. Não tem sentido nós irmos na contramão da maneira com que o resto do mundo está trabalhando ? disse o ambientalista Paulo Andrade, membro da CTNBio.

A opinião também é defendida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

? A CTNBio deve estabelecer critérios de monitoramento de risco de OGMs e seus derivados. Então, é monitoramento de risco, se não há nenhum risco identificado pela CTNBio no momento que liberou a comercialização de um determinado OGM não há o que ser monitorado ? disse a assistente jurídica do Ministério, Lídia Miranda.

O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança tranquiliza os consumidores e afirma que o monitoramento poderá ser alterado, mas não deixará de existir.

? O consumidor pode ter certeza que os organismos geneticamente modificados, os transgênicos, estão sendo devidamente analisados e fiscalizados ? afirmou Paiva.