A legislação que regulava a fabricação de vinhos no Brasil estava defasada. As vinícolas precisavam se adequar às técnicas mais avançadas por conta própria. Isso aumentava a burocracia e os custos, diminuindo a competitividade dos vinhos brasileiros. As regras publicadas na semana passada resolvem este problema.
A principal mudança é o reconhecimento da validade das normas da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) para os produtores brasileiros. Isso significa que toda vez que uma técnica for reconhecida internacionalmente poderá ser adota automaticamente no país. A norma que regulava a produção nacional era antiga, de 1988, por isso não previa muitos avanços tecnológicos. Se uma vinícola nacional quisesse adotar um novo equipamento utilizado pelos concorrentes estrangeiros, por exemplo, precisava antes pedir autorização ao Ministério da Agricultura.
Segundo o coordenador de vinhos e bebidas do Ministério da Agricultura, Helder Moreira Borges, a expectativa é que com a publicação da norma, o setor vinícola brasileiro tenha mais competitividade com o importado.
? O mundo do vinho é muito competitivo e agora com regras mais claras, que o próprio consumidor conheça, vai permitir que o produto brasileiro seja mais valorizado ? aponta Borges.
O especialista em vinhos (sommelier), Paulo Kunzler, explica que outro aspecto importante da normativa é proibir a adição do pó de madeira ou componentes químicos para obter aroma e sabor. O procedimento era feito por algumas empresas em substituição ao uso de barris de carvalho.
? Era uma maneira de enganar o consumidor com o que se colocava dentro do vinho. Algumas vinícolas evidentemente, se colocava pó, extrato líquido e se costumava dizer que o vinho passou tantos meses em barril de carvalho. Isso tudo está sendo proibido. É muito justo e muito correto ? disse o sommelier.
O alinhamento com as técnicas internacionais de produção qualifica a bebida nacional e ajuda na conquista de novos mercados. De acordo com a enóloga Rachel Alves, o vinho brasileiro ganha em qualidade, competitividade e mercado.
? Os produtores têm mais possibilidade de aproximar o vinho nacional de outros, do gosto popular, do gosto globalizado ? afirma Rachel.