Agora, além do USDA, a associação dos produtores do país também prevê uma produção maior e as cotações desta segunda começaram a cair
Daniel Popov, de São Paulo
“Esta é uma temporada difícil de prever algo com antecedência”, garante o analista de da Safras & Mercado, Luiz Gutierrez. A frase resume bem diversos momentos, desde que a semeadura da soja começou nos Estados Unidos, até hoje. Os preços variaram bastante, muitas vezes contrariando as tendências.
Antes mesmo das plantas começarem a emergir nos Estados Unidos, em julho, o mercado já estava com todas as fichas no jogo, ou seja, as cotações em alta refletiam a perspectiva de uma safra mais problemática. Naquele momento, o departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou para crescimento da produção e o mercado, contrariado, baixou os preços.
Depois disso, a cada relatório sobre as condições das lavouras divulgados pelo USDA (na maioria das vezes com leves pioras), o mercado elevava os preços. Mas, nos relatórios mensais a entidade sempre aumentava a produção, quase ignorando o fato das condições terem piorado. O mercado passou a desconfiar das informações divulgadas pelo USDA e a gangorra dos preços se inverteu.
O mercado passou a procurar dados novos sobre a produção e virou suas atenções para a Associação dos Produtores dos Estados Unidos (Pro Farmer), que traz dados registrados em campo. E as primeiras divulgações deram conta que os americanos devem mesmo colher uma super safra de soja, de novo. “Não tem mais como duvidar, os Estados Unidos irão produzir outra super safra de soja”, diz Gutierrez.
Segundo a Pro Farmer, os produtores de soja dos Estados Unidos deverão colher 117,8 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 54,3 sacas por hectare. Se confirmada, a safra será a maior da história dos Estados Unidos. Os números ficaram abaixo dos indicados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no relatório de agosto, na casa de 119 milhões de toneladas.
Com isso, os contratos com vencimento em setembro fecharam com baixa de 0,39%, cotados a US$ 9,35 por bushel. A posição novembro recuou 0,34% ou a US$ 9,41. “Quando começar a colheita por lá, os preços podem cair ainda mais e testar a linha dos US$ 9 por bushel”, diz o analista.
Nos subprodutos, a posição setembro do farelo encerrou com baixa de 0,30%, sendo negociada a US$ 295,50 por tonelada. No óleo, os contratos com vencimento em setembro eram cotados a US$ 34,59 centavos, com perda 0,05%.
Mercado Físico
Com esta pressão de uma super safra sobre Chicago e preços em queda, o mercado brasileiro de soja deve iniciar a semana em ritmo lento, sem grandes alterações na comparação com o desempenho do restante do mês. Em contrapartida,o dólar apresenta volatilidade e leve alta neste momento.
Nesta segunda, o mercado brasileiro de soja teve um dia de poucos negócios e preços entre estáveis e mais baixos. Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos baixou de R$ 66,50 para R$ 66,00. No porto de Rio Grande (RS), as cotações caíram R$ 70,50 para R$ 70,00.
Em Cascavel, no Paraná, o preço baixou de R$ 64,50 para R$ 64,00. No porto de Paranaguá (PR), a saca recuou de R$ 70,50 para R$ 70,00. Em Rondonópolis (MT), a saca ficou em R$ 59. Em Dourados (MS), a cotação subiu de R$ 58,30 para R$ 58,50. Em Rio Verde (GO), a saca seguiu em R$ 60.
Segundo o analista, o descolamento dos preços no mercado interno frente ao externo ainda é em razão de muitos produtores não colocarem a soja para vender. E esta falta de oferta segurou os preços até agora. “Só que a partir de agora e, com a colheita nos Estados Unidos, o mercado terá uma super oferta e ai não os preços irão cair de qualquer jeito. Podendo ficar abaixo de R$ 68 por saca nos portos, que pagam melhor”, finaliza.