Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), tudo indica que a citricultura paulista, na próxima década, não será tão facilmente avaliada por ciclos de baixa e de alta dos preços, como em décadas passadas, quando o principal fator era o ajuste da produção de laranja da Flórida e de São Paulo.
O Cepea indica que há uma complexidade de fatores, muitos externos ao setor, que influenciarão a citricultura paulista e dificultam a previsão do comportamento dos preços e do tamanho da oferta.
Na temporada 2008/2009, mesmo com uma queda de quase 60 milhões de caixas sobre a safra anterior, indústrias limitaram as compras de frutas não-contratadas em pleno pico de processamento (outubro/novembro). Para as próximas safras, a perspectiva é que os preços do suco continuem bastante voláteis.
Entre os fatores de alta estão o encarecimento da produção citrícola decorrente do aumento dos custos fitossanitários e da mão-de-obra e a limitação da oferta devido à maior incidência do greening. Quanto aos aspectos baixistas, de acordo com o Cepea, o destaque é a queda no consumo de suco de laranja, bem como o fato de a Flórida, apesar de todas as suas limitações de expansão do seu parque citrícola, estar recuperando sua produtividade.
Estoques elevados na Flórida pressionam suco em Nova York
Na safra 2008/2009, a cotação internacional do suco de laranja recuou significativamente em comparação às temporadas anteriores na bolsa de Nova York. O suco concentrado, que em janeiro era cotado US$ 2 mil a tonelada, passou para próximo de US$ 1 mil a tonelada em novembro.
O principal motivo para a baixa, principalmente no segundo semestre deste ano, foram os estoques elevados na Flórida. Apesar de o principal mercado paulista ser o europeu e não o norte-americano, essa queda nos valores do suco aliada à crise financeira mundial acabam influenciando também engarrafadores europeus a pressionarem o valor da fruta.
Segundo a publicação britânica Foodnews, o preço do suco de laranja concentrado no mercado europeu passou de US$ 2,1 mil a tonelada em janeiro para US$ 1,7 mil toneladas em novembro.
Continua discrepância de preços recebidos por produtores
Como na safra passada, na última ? 2008/2009 ? o intervalo dos preços recebidos por citricultores através de contratos com indústrias paulistas apresentou significativa disparidade. De modo geral, os valores referentes a contratos antigos, renegociados e novos, ficaram no intervalo de US$ 2,90 a US$ 7,00 a caixa de 40,8 quilos ? considerando o dólar a R$ 2 para a conversão dos contratos efetivados.
Em 2009, ao contrário do verificado nos últimos anos, uma parcela dos produtores não deverá ser beneficiada pela valorização do dólar frente ao real, uma vez que passaram a fixar contratos em moeda nacional. Conforme levantamento do Cepea, muitos citricultores tiveram seus vínculos com as fábricas encerrados ao final da safra 2008/2009. Dessa forma, a expectativa é que novos negócios sejam efetivados no primeiro semestre de 2009, para entrega na safra 2009/2010, que inicia em julho.