Novas cultivares de maçã se adaptam ao clima do Sudeste e viram opção de renda em Suzano (SP)

Veja o exemplo do produtor Rui Terão, cuja plantação da cultivar Eva já atinge 900 pésUma cultura típica da região Sul do país começa a ganhar espaço também no Sudeste. O cultivo da maçã, tradicional no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, pode estar migrando graças à tecnologia, que vem desenvolvendo novas cultivares. O processo ainda está no início, mas produtores da região de Suzano, no interior de São Paulo, podem estar presenciando uma nova mudança de cultura.

No interior de São Paulo, região conhecida como cinturão verde do Estado, tradicional na plantação de hortaliças, a maçã não era vista como uma cultura em potencial. Porém, os produtores da região têm provado o contrário, que é possível produzir mesmo sem o frio da região Sul. 

O produtor rural Rui Terão decidiu investir no plantio. Para testar o desenvolvimento da cultura, plantou 50 pés, mas não foi bem-sucedido. Em 2012, uma chuva de granizo destruiu a primeira safra e afetou também a segunda. 

– Realmente, as chuvas afetaram até a árvore, não só os frutos. Perdi mais da metade da produção. Como a árvore ficou bastante danificada, a safra de 2013 também foi comprometida e tive uma queda acentuada na produção – conta o produtor.

Mas ele não desistiu e continuou plantando até chegar aos atuais 900 pés. O produtor já está na terceira safra, e o clima tem ajudado. A planta floresceu e, até o fim do ano, ele espera colher 14 mil quilos da fruta. Toda a produção é comercializada na região e chega no mercado antes da produção do Sul, o que favorece o preço.

A adaptação da fruta só foi possível graças à pesquisa que desenvolveu uma cultivar compatível com o clima da região. Por enquanto, o exemplo de Rui ainda é um caso isolado, pois os investimentos são altos. Em uma cidade onde o forte é a agricultura familiar, a maçã pode render na região. Segundo o engenheiro agrônomo Blair de Moura Aquino, os produtores utilizam a cultivar Eva, resultado do cruzamento entre as cultivares Anna e Gala, tradicionalmente do Sul.

– Essas cultivares têm uma exigência não só nutricional, mas de frio, da ordem de 100 a 350 horas, ao passo que a fugi precisa de mais 900 horas de frio. Então, este é o grande handicap [vantagem] destes cultivares que estão migrando, saindo do eixo Sul para Sudeste e o Centro-Oeste do país – explica Aquino.

Por ser inovadora, a ideia pode estimular agricultores não apenas da região de Suzano, mas das cidades próximas também. Produtores estão animados e torcem para que ela se torne tradicional na região.

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