? Busca-se restabelecer o mecanismo de modo que a trading possa vender os seus produtos, fertilizantes, insumos ao produtor, e o produtor possa utilizar esse insumos, não na safra de verão, mas na safrinha ? explica Luciano Carvalho, da comissão de crédito rural da CNA.
A medida é uma das aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta quinta, dia 30, e prevê que o governo federal deverá investir mais R$ 2,5 bilhões nas operações de crédito rural. As medidas têm por objetivo assegurar mais dinheiro para o financiamento da safra, apoio às tradings e aos agricultores familiares. A principal resolução é o aumento da exigibilidade da poupança rural. A partir de 1º de novembro, a parcela da poupança rural que deve ser aplicada no crédito agrícola passa de 65% para 70%.
O CMN aprovou também medidas para a agricultura familiar. Entre elas, a ampliação do Programa de Garantia de Preço Mínimo, que passa a contar com 27 itens. A resolução incluiu produtos típicos do Norte e Nordeste do país, como borracha, castanha, carnaúba e sisal.
O secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniran Peraci, destaca outra mudança: a partir do ano que vem, as operações de investimento, assim como já acontece com o custeio, poderão ser indexadas pelo preço mínimo da produção.
Um produtor de feijão que comprou um trator de R$ 80 mil, por exemplo, pagará esse valor dividido pelo preço mínimo do grão, que é de R$ 80 a saca. Ou seja, a dívida do agricultor poderá ser convertida em produção: de mil sacas em 10 anos, ou 100 sacas por ano.
? Com essa crise financeira instalada você tem a segurança de que o seu investimento, seja um trator, uma ordenhadeira ou resfriador de leite, terá um indexador. O preço mínimo estabelecido vai indicar a quantidade devida nos próximos 10 anos ? acrescenta Peraci.
A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Contag) comemorou as novidades. O secretário de Política Agrícola da entidade afirma que os instrumentos anunciados são importantes para a manutenção do setor.
? Esperamos que com essas medidas a agricultura familiar e os assentados, nesse caso, possam produzir mais e ter melhor tecnificação na sua propriedade ? diz Antoninho Rovaris.