Novas regras para certificação dos grãos torrados do café preocupam degustadores

Instrução normativa aponta que somente técnicos agrícolas e engenheiros químicos, agrônomos e de alimentos poderão atuar na áreaAs novas regras do Ministério da Agricultura para a certificação dos grãos de café torrados preocupam os provadores que não são filiados ao Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia (Crea) e causam polêmica no setor. As novas regras já provocam discussões entre os profissionais que atuam no mercado. As mudanças atingem principalmente quem trabalha com classificação e degustação do café torrado.

A partir de 2013, a indústria de café vai ser obrigada a publicar na embalagem a qualidade dos grãos. Esse índice vai ser emitido por um profissional credenciado no Ministério da Agricultura e já existe uma instrução normativa que regula quais os profissionais que poderão atuar na área. De acordo com esse documento, somente técnicos agrícolas e engenheiros químicos, agrônomos e de alimentos podem se inscrever nos cursos para exercer a atividade, oferecida pelo Ministério da Agricultura.

Os profissionais que não possuem as habilitações exigidas, mas que já atuam no mercado, contestam a medida. O corretor e degustador de café Carlos Amaral atua no ramo há mais de 30 anos, mas não possui os requisitos exigidos pelo governo para atuar na profissão, ele recebeu do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR) a confirmação da instrução normativa número 46. Segundo Amaral, se leva tempo para aprender a profissão e um curso de curta duração não tem como habilitar alguém.
 
? Não ensinam isso nas faculdades, classificar grão é simples, mas desenvolver o paladar é uma questão de tempo. O que vai acontecer com esses profissionais que estão excluídos? ? questiona o degustador.
 
Segundo estimativa da Emater do Paraná pelo menos 200 profissionais trabalham profissionalmente como provadores de café no Estado. De acordo com a nova regra, apenas 10% estariam aptos. O extensionista da Emater do Paraná, Nelson Sobrinho acredita que a mudança vem para melhorar a qualidade do produto que chega a mesa do consumidor.
 
? Só tende a organizar o setor e com profissionais habilitados e o consumidor também sai ganhando ? aponta Sobrinho.

O Ministério da Agricultura deu prazo até fevereiro do ano que vem para que os provadores façam a credencial para emitir laudos técnicos de café torrado. Até lá esses classificadores vão tentar reverter essa situação.
 
? A gente só quer ser reconhecido, não tem uma prova final para os alunos do curso? Deixem nós participar dessa prova e nos entreguem a carteirinha ? reivindica Amaral.

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