O município de Maracaju, em Mato Grosso do Sul, recebeu o 1º Fórum Soja Brasil da safra 2019/2020, nesta sexta-feira, dia 26. O evento trouxe um amplo debate sobre novos modais e rotas para escoar a soja brasileira e trazer insumos ao país com custo menor.
Esse tema vem sendo debatido constantemente no estado, seja pela proximidade com o porto de Antofagasta, no Chile, ou pela dificuldade competitiva de transportar o grão para os portos brasileiros.
O representante do Ministério de Relações Exteriores João Carlos Parkinson de Castro conduziu a discussão e demonstrou que com a rota bioceânica, por exemplo, além de diminuir o tempo de transporte, o país economizaria um bom dinheiro, aumentando a competitividade da oleaginosa brasileira.
“A ideia é oferecer ao produtor novas alternativas para escoamento do grão, que possam reduzir o uso do modal rodoviário e também a dependência dos portos de Santos e Paranaguá”, comenta Castro.
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Segundo ele, de Antofagasta, no Chile, até a China o navio leva 35 dias, sendo que de Santos até a China o tempo aumenta para quase 50 dias. “Se abrir esta alternativa, geramos economia de tempo e competitividade para a soja do estado. Em um contêiner de 20 pés, saindo de Antofagasta até Xangai, é possível economizar até US$ 700 de frete”, comenta.
Outros modais
Segundo Castro, há uma movimentação em paralelo, que também faz parte da rota bioceânica, para aumentar as opções modais entre Chile, Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai.
“Estamos promovendo uma ferrovia interligando o Brasil, Bolívia e Argentina. Além de uma boa opção hidroviária entre Brasil, Paraguai e Chile. Sendo que os países não precisariam fazer grandes investimentos para tornar essa opção viável”, diz.
Para ele, é inaceitável que esses países disponham de ferrovias que usam a mesma bitola e que não estejam unificadas. “A malha só precisa ser melhorada. Somente a conexão entre a Bolívia e o norte da Argentina necessitaria a reconstrução de duas pontes que foram destruídas. Com isso o Brasil poderia enviar cargas para a Argentina, mais especificamente para Buenos Aires através de trens”, ressalta.
Outra opção destacada é a hidrovia ligando Brasil e Paraguai, que já atraiu investimentos para o município de Porto Murtinho, à beira do Rio Paraguai. “Esse conjunto de ações já atraiu para Porto Murtinho um investimento de R$ 300 milhões. Futuramente, serão seis terminais fluviais; o primeiro já será inaugurado em março de 2020. A expectativa é que sejam escoados por Porto Murtinho mais de 600 mil toneladas só este ano”, comenta.
Ainda de acordo com Castro, o governo está negociando com o Porto de Barranqueiras e Porto de Ibicuí, abrigos de produtos brasileiros, que poderá facilitar entrada de grãos e outros produtos do Brasil para o mercado internacional.
Ponte do Paraguai
Para o transporte rodoviário entre o Brasil e o porto de Antofagasta, no Chile, uma ponte ligando Porto Murtinho e o município paraguaio de Carmelo Peralta já está nos planos. O primeiro trecho já foi licitado pelo governo do Paraguai. “O segundo trecho deve ser licitado no segundo semestre deste ano”, diz Castro. “Espera-se que essa oferta de escoamento e outras distintas alternativas e logísticas estejam a disposição do mercado e para uso em no máximo 3 anos.”
Barreiras alfandegárias
Para sanar o problema de atrasos no transportes nas zonas alfandegárias dos países já citados, Castro afirmou que uma comissão está debruçada sobre o tema. “Estamos propondo criar corredores rodoviários hidroviários e ferroviários. Com isso o controle aduaneiro deve ser integrado, ou seja, ele sai do Brasil e é fiscalizado no destino final. Nós temos dentro do processo uma área específica para isso. O Chile fez uma proposta para facilitar esse processo com um plano maestro que unificará as aduanas, facilitando ainda e vinda das mercadorias”, diz.