A esperança dos criadores de gado e plantadores de cana da cidade é a emenda 164 aprovada na Câmara dos Deputados, que consolida as áreas já utilizadas. Caso ela seja vetada pela presidente Dilma Roussef, alguns já pensam em abandonar a atividade.
Se a lei atual fosse cumprida a área urbana deveria ser modificada. O clube de regatas da cidade é um exemplo, não poderia existir. Mas é na zona rural onde está a maior preocupação. O leito do rio passa praticamente em todas as propriedades.
? O rio é sinuoso e as propriedades estão nas margens. O rio dá muitas voltas e pode pegar a propriedade dos dois lados ? relata o topógrafo, José Roberto Bordenale.
O que acontece com frequência no município é que o gado não fica a cem metros da margem, portanto permanece ilegal. Os canaviais também permanecem a poucos metros do rio. Se o Código fosse levado ao pé da letra, toda a plantação teria que ser retirada.
Antônio Persona é criador de gado e também planta cana. A sua propriedade tem 170 hectares. Se tiver que recompor a área de preservação permanente, vai perder 12 hectares. Em faturamento vão ser R$ 15 mil a menos por ano.
? A minha fazenda tem rio dos dois lados e tem as vertentes e nascentes no meio. Então se eu não posso usar a 100 metros do rio, a 30 da vertente, se o Código for aplicado, posso dar de presente a propriedade porque não vou fazer mais nada com ela. Perco 20% na cana, vou vender o gado e fazer uma cerca para respeitar os tantos metros que os ambientalistas querem da beira do rio ? desabafa o produtor.
A fazenda de Pedro Morganti está com a família desde 1958. Hoje é utilizada para criação de cavalos e gado. A parte próxima ao rio é usada para pastagens. Ele é a favor do novo Código, mas defende uma alternativa para os produtores não saírem no prejuízo.
? Vou ter que dar um jeito para adequar a propriedade à nova lei, porque não só em Tietê inteiro, São Paulo inteiro está irregular. Se for aplicada a lei você vê que 100 metros vai dar na cerca. Se acontecer isto, perderia bastante. Preservar sim, mas levar todo mundo a falência não ? relata Morganti.
Enquanto se discute a aplicação do Código Florestal e os benefícios para o meio-ambiente, há no leito do Tietê, pessoas que extraem areia ilegalmente do rio. Com a presença da equipe de reportagem do Canal Rural, os homens interromperam o trabalho e abandonaram o local.