Um dos destaques entre os resultados é o percentual de propriedades agrícolas em que os produtores já adotam algum tipo de instrumento de gestão informatizado, de 49%. Outro dado importante é que 33,3% dos agricultores do Estado têm curso superior ou pós-graduação.
? Esse novo perfil, mais tecnológico e qualificado, mostra como o sojicultor mato-grossense se adequou ao novo mercado mundial. Foi exatamente o investimento em conhecimento, tecnologia de produção e capacitação que levou o produtor a alcançar os índices de produtividade que temos hoje ? analisa o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira da Silva.
A pesquisa mostra também que a administração da propriedade ainda é e deve se manter familiar, pois 50,2% dos sojicultores respondem diretamente pela gestão rural, sendo que, em 34,3% dos casos, essa administração é compartilhada entre o produtor e familiares (filhos, cônjuge, irmãos, etc.). A administração familiar responde por 92,3% do total de entrevistas realizadas.
De acordo o presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Alex Utida, o investimento em conhecimento e qualificação é necessário para realizar desde uma colheita em um período cada vez mais curto de tempo, até para saber como escolher e acessar linhas de crédito disponíveis no mercado.
? O produtor está consciente de que o agronegócio é estritamente ligado ao mundo tecnológico . Quem não acompanhar essa evolução, ficará para trás ? afirma Utida.
Tendência de diversificação
A pesquisa identificou que 32,6% dos sojicultores em Mato Grosso também trabalham com pecuária na propriedade. A diversificação de atividades é uma das características que marcam o modo de produção mato-grossense. É o caso do produtor Nelson Piccoli, de Sorriso.
Sojicultor há quase 30 anos, Piccoli mantém hoje em sua propriedade várias culturas, como milho e sorgo, além de tanques para piscicultura. A família toda participa da gestão da fazenda, indicando que a agricultura se manterá até à terceira geração.
? Vim de Santa Catarina na década de 80 para aproveitar as oportunidades que Mato Grosso dava para o produtor rural. Meu primeiro contato com a agricultura foi quando adquiri parte de uma fazenda do meu irmão no interior do Estado, e, de lá para cá, nos empenhamos em aprender mais para poder diversificar a produção e, com isso, crescer ? relembra.
Piccoli foi presidente do Sindicato Rural de sua cidade e hoje é diretor financeiro da Aprosoja e do Sistema Famato. De acordo com ele, a iniciativa de entidades rurais em fomentar o desenvolvimento profissional dos produtores tem contribuído muito para esse novo perfil de agricultor.