A 12ª edição do Projeto Soja Brasil já está no ar. Ao longo dos anos, a iniciativa – fruto de parceria do Canal Rural com a Aprosoja Brasil – observou uma verdadeira revolução na cadeia da soja.
Prova disso é que quando a ideia saiu do papel e começou a ganhar forma na tela da TV, no site e nas redes sociais, o Brasil estava longe de ser o líder em produção e exportação do grão. Hoje, reina absoluto.
Quem acompanhou essa história desde o começo é o presidente do Canal Rural, Julio Cargnino. Na entrevista a seguir, ele conta um pouco dessa trajetória, das novidades e dos desafios do projeto para a safra 2023/24. Confira:
Fale como nasceu o Soja Brasil, quais eram as preocupações, objetivos e expectativas do projeto 12 anos atrás.
Julio Cargnino – O Soja Brasil nasceu com o objetivo de acompanhar, como um projeto de comunicação específico idealizado pelo Canal Rural e pela Aprosoja Brasil, tudo o que acontece na safra de soja de ponta a ponta. Isso envolve desde quando o produtor começa a tomar a decisão do plantio, passando pela implementação da cultura até a colheita e posterior comercialização. Sentíamos que precisávamos levar informação qualificada ao sojicultor porque, quando uma doença ou praga começava a afetar a lavoura, a orientação técnica demorava a chegar na ponta, no agricultor. Então, para fornecer esse tipo de informação, a Embrapa Soja se uniu a nós logo no início. Assim, quando um problema novo acontecia e o produtor nos reportava, conseguíamos dar uma resposta rápida e qualificada, transmitindo pela TV e pelo site para todos os lugares do país.
Então o Soja Brasil se tornou realidade graças à união dessas três instituições?
JC – Sim, foi um tripé: a Aprosoja Brasil nos conectava com os produtores, levávamos os problemas deles à Embrapa Soja e divulgávamos a solução respaldada. Essa dinâmica ainda acontece e é a essência do projeto. Acredito que essa união, essas três forças unidas, fizeram o Soja Brasil ser extremamente vencedor e cada vez maior. Junto a isso, existem os parceiros, os patrocinadores que agregam muito conhecimento e conteúdo ao projeto. O Soja Brasil ajudou, também, a mobilizar os produtores rurais em diferentes regiões e, com isso, algumas novas unidades da Aprosoja foram criadas com o apoio do projeto. A relação é de ganha-ganha. Sem os produtores, o projeto não aconteceria, não teria razão de existir. Os eventos ao vivo de Abertura Nacional do Plantio ou da Colheita de Soja reúnem mais de mil produtores e isso passa muito pela força institucional da Aprosoja.
Como era a produção de soja na época em que o projeto foi criado e como ele ajudou a oleaginosa a chegar onde ela está hoje?
JC – Vimos um aumento significativo de produtividade. Quanto à produção, houve incremento de mais de 100% e, enquanto isso, a área não cresceu tanto assim. Acredito que o mais legal nesses 12 anos de projeto é que presenciamos uma clara evolução tecnológica, de infraestrutura e de gestão por parte dos produtores. Hoje em dia, por exemplo, a armazenagem de grãos continua sendo um problema, mas já foi muito pior no passado. Então observamos que o produtor tem conseguido melhorar suas estratégias de comercialização. Também vimos uma evolução do ponto de vista de tecnologias para melhorar a produtividade e a sustentabilidade da produção. Parece pouco tempo, mas em 12 anos houve um salto em relação a todos esses conceitos. Hoje já existem soluções tecnológicas e técnicas agrícolas que conseguem amenizar bastante os problemas que determinadas pragas causam. Antigamente, esses mesmos problemas traziam prejuízos muito maiores e assustavam demais os produtores.
Uma das novidades dessa próxima edição é o programa quinzenal Soja Brasil. Como surgiu essa ideia?
JC – Essa é uma novidade importante. Além do site, o Soja Brasil sempre apareceu na TV, dentro dos nossos telejornais, mas entendemos que o sojicultor precisava ter um programa só dele. Então será um programa em que toda a cadeia da soja poderá se reunir para se informar, para debater e, também, sugerir temas. Será um espaço pensado e dedicado a esses profissionais e a estreia já está agendada para o próximo mês, em setembro. As pessoas envolvidas nesse universo que é a soja se sentirão ainda mais representadas aqui no Canal Rural.
Falando em reconhecer pessoas, o Personagem Soja Brasil continuará firme e forte?
JC – Sim, com certeza. Essa é uma iniciativa muito importante porque o agronegócio brasileiro é cheio de heróis. São pessoas que a gente conhece quando roda o país em nossas reportagens, são produtores, famílias com histórias incríveis de superação nos negócios, com uma gestão espetacular e que já implementaram tecnologias novas, que mudaram a região onde moram, criando um cinturão de prosperidade no entorno porque, além de trazer resultados para os seus próprios negócios, também são capazes de desenvolver a sua comunidade. Então pensamos que precisávamos evidenciar essas histórias pela TV e pelo site e descobrir quem de fato são essas pessoas e reconhecê-las com um prêmio, com uma honraria. Assim, podemos, de fato, multiplicar esses exemplos que, muitas vezes, estão restritos a determinadas comunidades.
Além de produtores, o Personagem Soja Brasil também reconhece os pesquisadores. Qual a importância de trazer luz ao trabalho desses profissionais?
JC – Os pesquisadores realizam um trabalho absolutamente fundamental e, muitas vezes, silencioso. Nos laboratórios e em campos de pesquisa, eles desenvolvem as tecnologias que revolucionaram a agricultura nacional nas últimas décadas, mas, infelizmente, são pouco reconhecidos por essa transformação. Percebemos a importância de homenagear e dar um título a esses especialistas.
Quais os próximos e principais desafios para o projeto?
JC – O tema da difusão de tecnologia é fundamental e passa, diretamente, pelo enfoque em sustentabilidade. É um tema que evoluímos bastante na cobertura, mas ele precisa estar sempre muito forte em nossas abordagens. De que forma o produtor consegue conciliar sustentabilidade e rentabilidade? O importante é refletir em cima dessa questão junto com eles, destacar e propagar exemplos, experiências de quem tem conseguido essa tarefa de forma eficiente. Outro pilar importante é ajudar o produtor do ponto de vista de mercado, de orientação técnica, de comercialização. Esse sempre foi um pilar importante e temos conseguido apoiar, dar dicas, mas vamos intensificar ainda mais esse aspecto nessa nova temporada. Outro desafio importante do projeto é estar presente em mais lugares do Brasil. Nosso país tem um tamanho continental e a cada edição do Soja Brasil, passamos por vários estados. Temos a missão de ampliar essas rotas e com a volta das Expedições, graças ao retorno da Mitsubishi ao projeto, conseguiremos. E isso é muito importante porque a realidade do produtor de soja do Rio Grande do Sul é diferente da realidade do sojicultor da Região Norte, do Centro-Oeste, do Sudeste, do Matopiba. Temos de acompanhar, mostrar e ajudar no que pudermos. Esse é o propósito.