A avaliação era praticamente unânime. Não elevar o teto da dívida americana teria efeitos imprevisíveis sobre a economia do mundo inteiro, mas, segundo analistas, o acordo fechado entre democratas e republicanos também está longe de ser uma solução definitiva.
O economista da Tendências, Silvio Campos Neto, lembra que o aumento do limite da dívida resolve apenas a situação de curto prazo, mas a economia dos Estados Unidos ainda requer bastante atenção.
? Há a necessidade de um ajuste forte nas contas públicas, mas a solução definitiva dessa questão vai se dar apenas quando a economia recuperar o fôlego. Isso faz com que a receita tributária aumente e incentive o governo gerenciar melhor seu lado fiscal ? explica.
Enquanto isso não se resolve, Sílvio acredita que as commodities devem se manter em alta, pelo menos nos próximos meses.
Já o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, projeta estabilidade ou até queda nas cotações. Ele afirma ainda que o dólar deve perder ainda mais valor. A notícia não é muito boa para o governo brasileiro, que tenta conter a valorização do real em relação à moeda americana.
? É interessante para os Estados Unidos desvalorizar o dólar. Pode exportar mais e dar um dinamismo para a economia. Vai ter bastante volatilidade no curto prazo, mas a tendência é o dólar continuar se enfraquecendo e não há nada que o Ministério da Fazenda possa fazer quanto a isso ? acredita.
Mesmo com o cenário desfavorável da economia norte-americana, o diretor da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, prevê que o agronegócio brasileiro deve ter resultados positivos. Segundo ele, o custo de produção maior e a forte demanda no Brasil e no Exterior devem sustentar o mercado, podendo até compensar a baixa do câmbio.
? Claro que nenhum exportador gosta de ver a exportação com o dólar custando R$ 1,50, mas, como os preços internacionais estão bem e o agricultor brasileiro é muito competente para produzir, as margens nos últimos anos têm sido bem razoáveis no conjunto do agronegócio ? aponta.