Obras em trecho da Fernão Dias encarece o transporte de cargas

Estrada foi interditada por causa de um deslizamento de terra na semana passadaTransportar cargas pela rodovia Fernão Dias entre São Paulo e Minas Gerais está custando mais caro. Depois que a estrada foi interditada por causa de um deslizamento de terra na semana passada, os motoristas são obrigados a fazer um desvio que aumenta o tempo da viagem e o custo do transporte. É um problema também para quem trabalha com cargas de produtos do agronegócio.

Na saída de São Paulo, só automóveis seguem pela Fernão Dias. O desvio para caminhões começa em um trecho em Guarulhos. O problema está no km77 da via. Por causa do excesso de chuva, a terra deslizou e comprometeu os pilares do viaduto na estrada. O desvio mais curto tem 15 quilômetros, mas só passam automóveis e ainda com dificuldade por causa dos buracos e falta de acostamento.

O descolamento aconteceu na última sexta, dia 26. Só o sentido São Paulo-Belo Horizonte está interditado, mas o reparo no viaduto deve levar pelo menos seis meses. Só então a rodovia deve ser liberada completamente.

Para o transporte de cargas, para os caminhões, além do transtorno, isso deve gerar um aumento de custo. Em alguns casos, de quase R$ 180 em cada viagem de São Paulo a Minas.

Considerando que o caminhoneiro tenha que rodar 72 quilômetros a mais para desviar pela Dutra até retomar a Fernão Dias, a Associação Nacional do Transporte de Cargas fez os cálculos: para o transporte em um caminhão como o bitrem, com capacidade para 39 toneladas, por exemplo, o custo a mais por tonelada fica em R$ 4,50. Com isso, no fim das contas, chega a R$ 176 para uma viagem de 600 quilômetros, que é a distância entre São Paulo e Belo Horizonte.

? Então isso dá 12% de acréscimo no percurso. Portanto 12% de acréscimo no custo ? disse o coordenador técnico da NTC & Logística, Neuto Gonçalves dos Reis.

Ainda esta semana, o caminhoneiro Carlos Luiz dos Santos quer fazer o caminho de volta pra casa. Ele vai levar uma carga de ferro para Pouso Alegre, em MG. Acostumado com a estrada, diz que até não é difícil pegar o desvio, mas não vai fazer isso sempre. Na outra semana, ele já vai até mudar o roteiro.

? Depois a gente passa a fazer outras praças. Não fica fazendo apenas esta praça aqui pra evitar este transtorno ? disse Santos.

O caminhoneiro Milton da Silva passa pela Fernão Dias toda a semana. Ele carrega couro e produtos químicos. Sem muita saída agora, diz que o jeito é se acostumar. E prepara o bolso dele e do patrão.

? Agora não tem mais jeito. Agora cercou tudo de pedágio. Nós falamos para ele a estrada que temos que fazer; e tem que fazer e não tem jeito ? explicou.

Pela Fernão Dias passam cerca de 15 mil veículos pesados por dia. Não é a principal rodovia para o agronegócio em SP, como a Anhanguera e a Bandeirantes, mas do que passa na estrada, pode se esperar agora também uma conseqüência. O custo a mais provavelmente vai ser repassado no fim da viagem.

? É eu acredito que depende aí da negociação de cada transportadora com seu cliente. Em tese, é preciso repassar, porque 12% não é pouco. Espero que o usuário, o cliente, o embarcador entenda essa necessidade ? concluiu Reis.