Oferta elevada e altos custos limitam rentabilidade na cultura de mamão

Apesar do cenário desfavorável em 2008, produtores garantiram bons resultadosO ano de 2008 iniciou com a oferta de mamão bastante reduzida no Espírito Santo e sul da Bahia, por conta do tempo quente e seco registrado no último trimestre de 2007, que comprometeu a oferta da fruta entre janeiro e abril deste ano. Esse cenário, contudo, mudou a partir de maio, quando a oferta de mamão começou a aumentar. Com isso os preços negociados pela fruta recuaram, e a rentabilidade do produtor diminuiu.

Ainda assim, o valor médio recebido pelo havaí tipo 12-18 capixaba entre janeiro e novembro/08 foi de R$ 0,44/kg, valor 29,4% maior que o mínimo estimado por produtores para cobrir os gastos com a cultura (R$ 0,34/kg). No sul da Bahia, a mesma variedade foi negociada à média de R$ 0,47/kg. Para o formosa, o preço médio da fruta comercializada de janeiro a novembro/08 foi de R$ 0,42/kg nas duas regiões, valor 23,5% acima do custo (R$ 0,34/kg). Apesar de ambas as variedades terem apresentado o preço médio acima do mínimo necessário para cobrir os gastos com a produção, muitos produtores continuam desestimulados com a cultura.

Em 2008 os tratos culturais diminuíram, já que os preços de alguns insumos agrícolas
(fertilizantes) subiram mais de 100%. Com relação à área plantada de mamão, no Espírito Santo houve uma retração de 6% em 2008. Para 2009, produtores acreditam que a área deve continuar reduzindo, visto que muitas roças velhas não foram reformadas neste ano. Além disso, algumas propriedades estão sendo substituídas por plantios de eucalipto, café ou cana-de-açúcar.

Mamonicultores de pequeno porte, que estão desestimulados devido à baixa rentabilidade e aos altos custos de produção em 2008, estão desistindo da atividade. Dessa forma, agentes estimam que os preços podem subir em 2009 caso haja redução da oferta.

As chuvas que ocorreram em abril deste ano no Rio Grande do Norte, e se estenderam pelo inverno, prejudicaram a qualidade do mamão potiguar. Com isso, parte da fruta nordestina não conseguiu atender às exigências dos países importadores, principalmente dos Estados Unidos no período. O mamão que seria exportado em maio foi direcionado ao mercado interno, pressionando as cotações nacionais.

Apesar desse cenário e dos altos custos de produção no Rio Grande do Norte ? que acaba resultando num preço mais elevado do mamão em relação a outras regiões produtoras do país ? a rentabilidade em 2008 foi positiva aos produtores potiguares, em virtude do escoamento da fruta no mercado nacional. Entre fevereiro e novembro/08, o mamão havaí de primeira qualidade foi negociado, em média, a R$ 0,90/kg, mais que o dobro do valor mínimo para cobrir os gastos (R$ 0,34/kg). Dessa forma, produtores acreditam que a área cultivada deve se manter em 2009.

De janeiro a outubro de 2008 foram exportadas cerca de 25,6 mil toneladas de mamão, volume semelhante ao do mesmo período do ano passado. Já a receita foi de US$ 33,7 milhões, montante 20,7% superior ao obtido em 2007, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em 2008, o envio de mamão por aviões representou 70% do total, o que contribuiu para a elevação da receita. Isso porque, de acordo com produtores, apesar do alto custo do envio aéreo, a adoção deste modo de transporte reduz gastos relacionados à perda de cargas, que chegavam sem condições de comercialização nos países importadores quando o transporte era feito por navios.

Outros fatores que influenciaram o aumento da receita em 2008 foram as renegociações com importadores e a exploração com mais intensidade de outros mercados consumidores. Apesar da maior receita, a rentabilidade do setor exportador foi pouco positiva. Exportadores esperavam embarcar volumes maiores da fruta neste ano, mas o clima prejudicou a qualidade da fruta no período.

Para 2009, os investimentos na cultura, o aumento de área e a utilização de novas tecnologias devem ser limitados. Com relação à demanda externa, esta ainda é incerta, visto que ainda não se sabe se crise financeira irá afetar a procura pela fruta brasileira em 2009. De acordo com agentes de mercado, a redução nos volumes embarcados de golden brasileiro em outubro e novembro deve-se ao aumento da oferta de mamão da América Central e Equador, não propriamente à crise ? os preços do mamão do Equador e de Belize, por exemplo, estão mais atrativos em relação ao produto do Brasil, reduzindo a procura da Europa pela fruta nacional.

Produtores acreditam que o mercado externo, principalmente o europeu, será abastecido pelo mamão equatoriano até meados de janeiro/09, quando a fruta brasileira voltará a ter quantidade e valor mais competitivos no mercado internacional.