Não há um cálculo de quanto a produção deveria aumentar para atender as escolas. O deputado estadual Luis Eduardo Cheida, um dos autores da lei, argumenta que a implantação vai ser gradativa. O objetivo é abrir mercado para os orgânicos e estimular que mais produtores adotem o método natural de plantio. Ele acredita que problemas como o preço mais caro em relação ao convencional e a falta de mão de obra serão superados com o tempo.
? Quando você planta sem veneno e sem fertilizante, o seu custo de produção reduz em até 30%, às vezes até mais. Esses 30% na redução do custeio podem ir para o preço dos alimentos, o preço final, e podem ir também para a divisão da mão-de-obra, ou seja, para estimular um salário melhor para os diaristas, que passarão não mais a pulverizar com agrotóxicos, mas sim a capinar, muitas vezes, a tirar o mato, a cuidar daquela propriedade ? diz Cheida.
Produtos cultivados sem fertilizantes e defensivos químicos. Esta é a principal característica dos orgânicos. O combate a doenças é feito com fórmulas naturais. Para as pragas, é realizado controle biológico, muitas vezes usando o próprio inimigo natural de cada uma. A produção é menor do que a convencional, mas os defensores da técnica agrícola afirmam que os alimentos são mais saudáveis.
A lei havia sido vetada pelo antigo governador do Paraná, Roberto Requião, mas, este mês, os deputados estaduais derrubaram o veto. A partir de 2011, as escolas públicas do Estado devem comprar alimentos orgânicos para oferecer na merenda. Ao todo, são quase 1,5 milhão de alunos nas escolas estaduais.
A notícia deveria ser boa para os produtores de orgânicos. Porém, o produtor Leandro Ribeirete, de Ibiporã, no norte do Estado, está preocupado. Ele cultiva principalmente hortaliças orgânicas e só consegue atender os clientes com o reforço de outros produtores. A falta de mão-de-obra especializada é um dos problemas que limita o aumento da produção. Ele acredita que o trabalho no campo não é mais atrativo para os jovens.
? Para produzir mais, precisa de mais gente, e hoje não tem. Eu tenho um problema grande com pessoal. Eu não tenho rotatividade com funcionários, mas se eu precisar de dois, três para me ajudar em uma temporada, eu não consigo ? diz Ribeirete.