OIA diz temer impacto do clima na produção brasileira de açúcar

Menor produção somada à perspectiva de menor índice de sacarose preocupa a entidadeA Organização Internacional do Açúcar (OIA) demonstrou preocupação com a produção brasileira de açúcar na safra 2014/2015. Após a seca que ainda afeta o Centro-Sul do país, principal região produtora de cana-de-açúcar, há previsão de ocorrência de El Niño, que poderia antecipar a época de chuvas. A menor produção somada à perspectiva de menor índice de sacarose preocupa a entidade.• Leia mais notícias do setor

De acordo com o relatório mensal da entidade, divulgado nesta quarta, dia 7, as preocupações sobre o impacto potencial do longo período de seca durante os meses de verão no Centro-Sul do Brasil sobre a safra de 2014/2015 continuaram a pautar o sentimento do mercado em abril. O tempo seco pode reduzir a produção da cana em áreas importantes do Brasil para menos de 80 toneladas por hectare. Segundo o levantamento, também há temor a respeito do aumento da possibilidade do El Niño este ano, o que poderia trazer as primeiras chuvas ao Centro-Sul já a partir de agosto ou setembro.

No relatório, a entidade lembra que a ocorrência do El Niño na safra de 2009/2010 fez com que chamado o índice de Açúcar Total Recuperado (ATR) – que mede a produtividade da cana em termos de sacarose – caísse para o patamar histórico de 130 quilos por tonelada.  O documento diz que “o mercado está preocupado que a menor produção de cana combinada com a menor produtividade em sacarose pode atrapalhar ainda mais a safra 2014/2015”.

Apesar da possível queda na produção brasileira, o mercado ainda considera que há superávit global de açúcar. Em abril, o preço médio do açúcar bruto – calculado pelo índice ISA Daily Price – terminou em 17,61 centavos de dólar por libra-peso, valor 1,6% menor que a média de março.

Crise no Brasil

O sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, disse, também nesta quarta, que o Brasil vive “a sua pior crise energética”.

– O desmonte do setor de energia ocorreu nos últimos cinco anos – avaliou durante palestra em seminário promovido pela Guarani, do Grupo Tereos, em São Paulo.

De acordo com Pires, até 2008 os leilões de energia eram feitos dentro das regras previstas e o setor de biocombustíveis ia bem, em uma época que o Brasil era chamado de ‘Arábia Saudita verde’. Conforme ele, o desarranjo ocorreu com a descoberta das reservas de petróleo do Pré-Sal. A partir daí, os leilões perderam força, a geração de caixa pela Petrobras começou a minguar e o setor sucroalcooleiro perdeu competitividade, disse.

– Tudo isso causou um desmonte, e será uma tarefa árdua recompor o setor de energia. A Eletrobras, hoje, é uma empresa que, se fosse privada, estaria em recuperação judicial. A Petrobras tem sido erroneamente instrumento de política econômica. Mas é uma empresa que tem capacidade de se recuperar, porque tem uma reserva de petróleo gigantesca. O que falta é gestão – diz Pires.

Agência Estado