Uma onda de calor, com altíssimas temperaturas, acompanhada por fortes temporais, tem causado prejuízos significativos em cultivos por todo o país. Nesta sexta-feira (17), quatro cidades do estado de São Paulo registraram temperaturas acima de 40 °C, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), resultando em relatos de queda na qualidade de hortifrútis e perdas irreversíveis, especialmente entre as hortaliças.
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Wesley Luy Pereira, agricultor em Atibaia (SP), conhecida como a capital nacional do morango, está enfrentando os reflexos dessa onda de calor atípica em sua lavoura, localizada a 65 quilômetros da capital. Ele cultiva 31 produtos agrícolas, parte dos quais destinada a programas governamentais de alimentação. No entanto, a rotina diária do agricultor tem sido alterada, com colheitas antecipadas devido às altas temperaturas.
Ao longo desta semana, ele tem lidado com os impactos na lavoura decorrentes da onda de calor atípica. O calor extremo tem afetado a qualidade das plantas, sensíveis às altas temperaturas. A falta de estrutura de refrigeração obriga os agricultores a colher mais cedo, muitas vezes no período da manhã, para evitar a perda de qualidade.
“A gente tem que colher para poder embalar e muitas vezes adicionar os produtos na caixa e levar para a prefeitura para fazer a distribuição. Com esse calor, depois das 9, 10 horas, você já não consegue mais colher, as coisas começam a murchar e se você for colher, a qualidade cai”, conta Pereira.
Nos últimos dias, o agricultor contabiliza a perda de 200 pés de alface-americana em sua propriedade. As perdas se repetem em outras propriedades da região, onde é necessário ajustar os trabalhos em campo.
“A gente ouve dos produtores o relato de perdas durante o processo de produção e essas perdas estão ligadas a alguns fatores como a antecipação do período de produção, a insolação que gera algumas consequências na produção e também a dificuldade do trabalho durante esse período.”, afirma o secretário de Agricultura de Atibaia, Gabriel Sola
Maior município produtor de hortaliças sente efeitos do calor
A 133 quilômetros dali, o município de Biritiba Mirim, maior produtor de hortaliças do estado, também sente os efeitos do calor, juntamente com problemas causados pelos fortes temporais, conforme relata Fernando Sussumu Kamiya, produtor rural e presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais do Alto Tietê (Cooproat).
“A propriedade ficou oito dias sem energia, somados a essa temperatura, trouxe problemas como queima e amarelecimento de folhas, por exemplo. Isso causa um stress na planta”, destaca Kamiya.
Para alívio dos produtores, a previsão do tempo indica a chegada de uma frente fria no Sudeste e Centro-Oeste , trazendo chuvas que contribuirão para a umidade do solo e ajudarão a aliviar o calor.
O meteorologista Arthur Miller destaca que, embora a onda de calor atual tenha data para acabar, a possibilidade de futuras ondas de calor não pode ser descartada.