? A recusa dos EUA em cortar os subsídios ao algodão que prejudicam os produtores da África Ocidental é um sinal de que não são sérios sobre sua vontade de manter suas promessas sobre liberalização do comércio ? disse Isabel Mazzei, diretora do escritório de Genebra da Oxfam.
Nesta semana representantes de trinta países estão reunidos na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra (Suíça), para tentar desbloquear a Rodada de Doha, iniciada há sete anos.
Burkina Fasso, Mali, Senegal e Benin, os quatro maiores produtores de algodão da África, lutam contra os subsídios americanos, mas não ainda não foram bem-sucedidos.
? O algodão transformou-se em um símbolo da injustiça do sistema global de comércio. Só na África Ocidental, dez milhões de pessoas dependem do algodão para sobreviver. Os subsídios dos EUA a seus produtores representam sua incapacidade de pôr comida na mesa, educar seus filhos e manter sua saúde ? disse Mazzei.
Os EUA apresentaram nesta semana uma oferta para reduzir seus subsídios agrícolas até US$ 15 bilhões anuais, entre os que estão incluídas as subvenções ao algodão.
? Dado o programa de subsídios na nova lei agrícola americana (Farm Bill) parece que o algodão ficaria de fora das leis da OMC, e isto põe em dúvida a vontade dos EUA de reduzir os subsídios ? completou.
O Tribunal arbitral da OMC sentenciou contra os subsídios ao algodão americano em um caso colocado pelo Brasil, mas Washington ignorou a decisão judicial e não modificou seu sistema. Segundo a nova lei agrícola americana, nos próximos cinco anos os produtores de algodão deste país receberão US$ 1 bilhão em subsídios.
? Se os EUA não mudam sua posição e continuam defendendo seus ilegais e imorais subsídios, então esta semana não haverá em Genebra um acordo justo e para o desenvolvimento ? concluiu Mazzei.