Os analistas fixaram o crescimento anual da demanda petrolífera em 1%, para 87,66 milhões de barris diários em 2009. A correção foi feita após constatar que “os mais recentes dados revelam uma forte queda na demanda petrolífera da América do Norte”, afirma a Opep em seu Relatório Mensal do Mercado do Petróleo.
“A fragilidade da situação econômica se refletiu em uma redução do crescimento da demanda mundial de petróleo”, especialmente nos Estados Unidos, mercado que absorve quase 25% do consumo mundial da commodity.
Depois de, em junho, os EUA terem registrado “o nível de consumo mais baixo desde 1998”, em agosto houve “uma forte contração no consumo de muitos produtos” petrolíferos, incluindo a gasolina, querosene para aviões, combustível derivado do petróleo e propano.
Assim, a Opep acredita que a demanda americana por petróleo cairá 0,9 milhões de barris diários este ano, redução que deixa em negativo também o crescimento em toda a América do Norte, com um consumo médio de 25,02 milhões de barris, 2,04% a menos que em 2007.
“A retração da economia está agora se propagando além dos EUA, à Europa e ao Japão, com riscos de contágio para outras regiões”, adverte a Opep, que em agosto extraiu 32,50 milhões de barris por dia de petróleo, segundo “fontes secundárias”.
Segundo seus especialistas, tanto na Europa quanto no Japão, que correm o risco de entrar em uma “suave recessão”, também se observa um freio no consumo energético deste ano, mas a menor demanda nessas nações industrializadas será compensada com um forte crescimento nas economias emergentes.
O consumo de petróleo na China crescerá em 0,44 milhões de barris diários, para 8 milhões em 2008, enquanto na América Latina subirá em 0,2 milhões, até 5,7 milhões de barris, segundo as previsões do cartel.
Abastecimento
Sobre o abastecimento, a Opep calcula que seus concorrentes produzirão uma média de 49,9 milhões de barris por dia este ano e de 50,81 milhões em 2009, mas destaca que ainda é cedo para integrar nestes dados os barris que pararam de ser produzidos na América do Norte, devido aos recentes furacões que castigaram a zona do Golfo do México.
Segundo a organização, a combinação de uma menor demanda do que a inicialmente calculada junto com o crescimento da oferta de outros produtores se traduz em um menor requerimento das provisões de seus países-membros, que ficariam nos 32 milhões (2008) e em 31,3 milhões (2009), números menores que a extração do mês passado.
Sem a Indonésia e o Iraque, que ficaram de fora do sistema de cotas da Opep, o grupo produziu 29,27 milhões de barris diários em agosto, mas, no último dia 9, se comprometeu a cumprir estritamente as cotas estabelecidas, que totalizam os 28,8 milhões.
A decisão foi adotada em uma conferência ministerial realizada em Viena, depois que os preços tiveram uma abrupta queda, de quase 30%, frente aos valores recordes alcançados em julho.
“Os preços do petróleo continuaram sua tendência de baixa”, com o barril de referência da Opep caindo quase US$ 50 por barril em dois meses, a partir dos cerca de US$ 141 por barril, e ontem ficou em US$ 91,35, após uma queda favorecida pela crise financeira e o colapso do banco americano Lehman Brothers.