Órgãos de fiscalização intensificam ações para prevenir o uso de mão-de-obra irregular

Colheita de uva, maçã e outras frutas na serra gaúcha exige trabalhadores temporáriosAlojamentos precários, recrutamento sem registro nem contrato, longas jornadas de trabalho. Nos próximos meses, temporada da colheita da uva, maçã e outras frutas cultivadas na serra gaúcha, os órgãos de fiscalização do Rio Grande do Sul estarão em alerta para evitar que aconteçam irregularidades como essas na contratação de trabalhadores rurais.

Segundo estimativa da delegacia regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cerca de 2 mil safristas devem ser contratados apenas na colheita da maçã deste ano. Para dar conta da demanda, além do órgão federal, atuarão em conjunto o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Estadual, a Polícia Rodoviária Federal e Estadual e a Polícia Civil.

? A ideia é de fiscalização constante, mas principalmente nas épocas em que há migração de trabalhadores de uma cidade para outra. Essa movimentação é grande não só na Serra como em todo o Rio Grande do Sul, e tanto no envio como no recrutamento de pessoas de outros Estados ? observa a procuradora do Trabalho Priscila Boaroto, do Ministério Público do Trabalho em Caxias do Sul.

Além da fiscalização nas propriedades, os agentes irão atuar no transporte dos trabalhadores, a fim de evitar que cheguem ao destino sem a documentação regularizada. Segundo Priscila, a assinatura do contrato de trabalho, o registro na carteira e os exames admissionais devem ser realizados no local de origem do trabalhador. Somente depois desses trâmites é que o empregador recebe a Certidão Liberatória, emitida pelo MTE, que permite o transporte dos contratados.

A ação visa não apenas garantir os direitos dos safristas, mas também coibir a ação de intermediadores de mão-de-obra.

? Muitas vezes, o trabalhador é aliciado em outras localidades e, quando chega no local de trabalho, as promessas não são cumpridas e ele não tem condições de retornar para casa. Assim, acaba se submetendo a situações degradantes ? explica a procuradora.