País finaliza primeiro inventário nacional sobre dioxinas e furanos

Mesmo na média em relação a outros países, o Brasil ainda precisa reduzir as emissõesO Brasil acaba de cumprir uma das tarefas assumidas como signatário da Convenção de Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), substâncias perigosas que provocam doenças como câncer e afetam a vida silvestre. Sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), órgãos do Governo Federal e instituições parceiras reuniram informações para a formulação do primeiro inventário nacional sobre a emissão de dioxinas e furanos.

Esse documento foi apresentado na segunda reunião do Grupo Técnico Interinstitucional – POPs de emissão não intencional, que aconteceu no início de maio, em Brasília. Evento contou com a participação de especialistas de várias instituições nacionais e da Unep Chemicals (programa das Nações Unidas que trata de segurança química).

O inventário confirmou que as dez categorias de fontes de possível emissão estabelecidas pela Convenção de Estocolmo estão presentes no Brasil. Como, por exemplo, incineração de resíduos; produção de metais ferrosos e não-ferrosos; geração de energia; produção de produtos minerais não metálicos; transportes; queimas a céu aberto, incluindo a queima de biomassa; produção de químicos e bens de consumo; disposição incorreta de efluentes e de resíduos. Foram constatadas diversas outras áreas potencialmente emissoras.

Os dados obtidos demonstram que a soma geral das estimativas resultantes desses processos é da ordem de 3.200 g TEQ – medida de toxicidade que situa o país na média mundial de emissões de dioxinas e furanos.

A análise de informações mostrou que a maior parte das emissões ocorre pelo ar, em 42% dos casos, o que faz as substâncias viajar pelo planeta. Dioxinas e furanos foram encontradas em animais que vivem em ambientes teoricamente livres de poluição, como ursos no Ártico e pinguins do Pólo Sul.

Os números do inventário ainda podem sofrer alteração, devido à complementação de algumas informações, mas sem grandes mudanças. Mesmo na média em relação a outros países, o Brasil ainda precisa reduzir as emissões.

O inventário é um instrumento para a mudança necessária. Essa sua primeira versão servirá de base para nortear ações em cumprimento dos objetivos da Convenção de Estocolmo. A próxima etapa será a elaboração e implementação de um plano de ação que fará parte do Plano Nacional de Implementação da Convenção de Estocolmo.