No trabalho, os economistas do BNDES Fernando Puga e Gilberto Borça Júnior demonstram que, apesar de ser uma das menores do mundo, a taxa de investimento no Brasil produz um efeito maior e mais rápido no crescimento. Ao contrário da maioria dos países, a maior parte das inversões no Brasil se dá em bens de capital (máquinas e equipamentos) – e não na componente da taxa relativa à construção -, uma característica que, para o BNDES, está se aprofundando.
Eles chegaram a essa conclusão ao investigar a composição da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no Brasil, historicamente baixa em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e considerada o principal obstáculo para o crescimento mais robusto da economia sem pressões inflacionárias. Numa comparação internacional a partir de dados do Banco Mundial, de 2005, a taxa de investimento brasileira, de 16,3% do PIB, figurava em último lugar entre outros 20 países. A China já liderava, investindo robustos 41,5% do PIB, seguida por nações como Espanha (29,4%), Índia (28,5%) e Japão (23,1%).
No entanto, analisando apenas o componente relativo a máquinas e equipamentos, o Brasil alcançava 7,9% do PIB, superando países como Reino Unido (5,8%), Espanha (7,2%), França (5,8%), EUA (5,8%) e até a média mundial (7,6%). O Brasil ainda perdia nesse quesito para países asiáticos como China (11,5%), Índia (13,1%) e Coreia do Sul (9,1%), mas a distância fica bem menor na comparação da taxa agregada.
Para os economistas, isso mostra que não há uma defasagem muito grande entre o padrão de investimento na produção e modernização das empresas brasileiras e o das de outros países.
? A taxa de investimento agregada do Brasil está na lanterna e isso dá uma percepção de que o nosso parque industrial estaria muito defasado, obsoleto por causa do baixo investimento. No entanto, quando olhamos apenas para máquinas e equipamentos, estamos investindo até acima da média mundial ? diz Puga.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.