A expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) para 2020 é de abertura de mercados para produtos brasileiros, disse o presidente da associação, André Nassar, em evento de fim de ano da entidade.
“O Ministério da Economia vai atuar de forma proativa na abertura de mercados. Vai ter um trabalho bem intenso para produtos de maior valor agregado”, diz. “Nossa intenção de vender farelo de soja para a China tem a ver com essa visão. Nosso comércio com a China não é completo, precisa incluir farelo também.”
Conforme Nassar, a expectativa da Abiove era de que os protocolos fitossanitários de exportação de farelos de soja e algodão fossem anunciados concomitantemente. Na visita do presidente Jair Bolsonaro à China, foi anunciado o protocolo do farelo de algodão, mas na visita do presidente Xi Jinping ao Brasil não foi anunciado o de soja. “Entendemos que havia questões técnicas a resolver”, afirma.
Por enquanto, a minuta do protocolo fitossanitário da exportação de farelo de soja continua em discussão entre os governos brasileiro e chinês.
Para o farelo de soja, a expectativa é de que a China absorva uma parte, ainda que pequena, do volume adicional que está sendo produzido do derivado com o aumento da produção de óleo para biodiesel. “Do lado da demanda não temos a visão de que os chineses vão trocar a soja pelo farelo do Brasil. Só temos a perspectiva de que o esmagamento para biodiesel traz uma oferta interessante de farelo”, conta Nassar.
Segundo ele, a indústria brasileira poderia colocar o farelo no mercado chinês de forma competitiva com esse volume extra. “Para atender ao B15, em 2023, vamos ter que esmagar 9 milhões de toneladas a mais do que em 2019. Vamos ter oferta de farelo importante para gerar o óleo necessário”, afirma.
Nassar ainda comenta que se a China importasse 1 milhão a 2 milhões de farelo brasileiro por ano, isso já teria um impacto positivo para a indústria brasileira. Conforme o representante da Abiove, o mercado interno de farelo também deve ser positivo em 2020 graças à demanda externa firme por proteína animal do Brasil. “Temos um mercado interno firme de farelo. A produção de carnes vai ter que dar resposta à maior demanda”, diz Nassar.