O produtor rural Benedito Correa da Silva, de 63 anos é produtor de leite, de laranja, de mandioca e de milho em uma área de 35 hectares. Em dia com as contas, ele tira o sustento da família do que produz no local. Está satisfeito, mas faz questão de dizer: para os pequenos agricultores, já foi melhor.
? Hoje as despesas são muitas, sabe. Os gastos competem muito com o lucro.
Então, fica difícil de a gente equilibrar hoje. Precisa ter um equilíbrio para se manter ? explica Silva.
O empresário rural Álvaro Fávero, de 51 anos é sócio de uma indústria de onde saem duas mil caixas de laranja por dia. Ele possui laranjais no Estado de SP e é ainda produtor de soja em Goiás. Ao todo, possui dois mil hectares de plantação. No ano passado Álvaro teve que vender uma propriedade para equilibrar as contas.
? Um ano nós estamos no auge, o outro estamos na laje, como se diz. Então é difícil trabalharmos assim porque não sabemos o que vai acontecer no ano que vem ? avalia Fávero.
Os dois produtores são vizinhos no município de Engenheiro Coelho, em São Paulo. Entre as duas propriedades não tem mais que três quilômetros. São próximos, com realidades diferentes, mas com uma só percepção quando se fala em política relacionada ao trabalho que eles fazem. Em tese, Silva seria atendido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Álvaro pelo Ministério da Agricultura. Porém, a divisão dos Ministérios é o que menos importa pra eles.
? Teria que dar para os dois um status de produtor. Eu acho que tanto para o pequeno produtor como para o produtor empresarial, eu acho que o Ministério da Agricultura teria que ter respeito e mais respaldo para os dois ? avalia Álvaro.
? Eu não sou contra dois ministérios, nem um só. Eu só queria que melhorasse para os pequenos agricultores em geral, sabe ? defende Fávero.
A divisão é política, diz o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho. Na avaliação da entidade, é melhor centralizar as ações. Isso facilitaria a vida do produtor, diz o presidente.
? É irreconhecível um produto feito na pequena propriedade ou na média propriedade que enfrenta problemas, muitos problemas, o pequeno produtor, o cara da grande propriedade. O produto é igual ? declara Ramalho.
O que não é igual é a opinião das lideranças. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), Elias David de Souza, defende a divisão dos Ministérios. Elias de Souza diz que isso facilita o acesso dos representantes às autoridades em Brasília. Mas admite: só das lideranças.
? A distância, vamos dizer assim, do que determina um governo federal até chegar ao produtor é grande. Deveria ser melhor e ele ter mais acesso, mas infelizmente ainda não temos isso ? diz Souza.