Entre os compromissos assumidos estão os estudos para a abertura de uma rota regular de navios cargueiros, com contêineres comuns e refrigerados, entre a Venezuela e Vila do Conde, em Barcarena, e análises para o fornecimento de gás natural ao Pará, onde seriam implantadas duas usinas termelétricas, uma em Barcarena e outra em Marabá.
A solenidade, transmitida ao vivo pelo Canal Venezuelano de Comunicação, foi uma demonstração do prestígio da governadora paraense com o governo do presidente Chávez, que a saudou como uma “grande guerreira”.
? Sua visita se inscreve em uma nova página da história sobre o povo da América ? disse ele.
Hugo Chávez frisou que os documentos assinados pelos dois governos resultam de parcerias iniciadas desde sua primeira visita ao Pará, no ano passado. Depois, ele voltou pela segunda vez a Belém para participar do Fórum Social Mundial. Agora, comprometeu-se a retornar novamente ao Pará, no primeiro trimestre do ano que vem:
? Para ver as primeiras colheitas do que estamos plantando ? anunciou, diante de um auditório lotado de autoridades e empresários venezuelanos e paraenses.
Até 2006, o Pará exportava para a Venezuela não mais do que US$ 170 milhões. Em 2008, o valor das exportações dobrou, passando para US$ 334 milhões. Ao citar os números, Ana Júlia Carepa observou que isso é resultado de um trabalho para fortalecer o norte da América do Sul e o Mercosul.
? Trabalhamos para fortalecer uma região de irmãos, enquanto outros lutam contra essa união. Estamos trabalhando junto ao Congresso para garantir o ingresso da Venezuela no Mercosul. Ninguém tem o direito de impedir o desenvolvimento de uma região ? acrescentou.
Segundo ela, o objetivo da missão liderada pelo governo paraense é ampliar não apenas as exportações, “mas estabelecer parcerias para melhorar a saúde, a educação, a ciência, e assim, a vida das populações”.
As relações comerciais entre o Pará e a Venezuela devem se intensificar a partir do acordo de cooperação técnica celebrado entre a Companhia Docas do Pará (CDP) e a Empresa Albanave S.A. O acordo prevê o estabelecimento de uma rota regular de navios para transporte de contêineres frigoríficos e comuns, que levariam para a Venezuela produtos como carne, polpas de frutas e madeira beneficiada, e trariam ao Pará fertilizantes agrícolas, cimento, derivados de petróleo e outros produtos. A expectativa do presidente Hugo Chávez é de que a rota esteja pronta para entrar em operação dentro de 30 dias.
Detentora da quinta maior reserva de gás natural do mundo, a Venezuela formalizou, em documento assinado pelo ministro da Energia e do Petróleo, Rafael Ramirez, e pela governadora Ana Júlia Carepa, a intenção de fornecer o produto ao Pará, um dos poucos Estados brasileiros que ainda não dispõem de usina termelétrica.
Pelo memorando, as partes se comprometem a promover cooperação técnico-científica para intercâmbio de informação, experiências e peritos nos setores de hidrocarbonetos e petroquímica, proporcionar assistência técnica para a realização de estudos e executar projetos técnicos no setor petroquímico e de hidrocarbonetos, além de avaliar a possibilidade de constituir uma empresa mista para a construção e operação de uma planta de gás natural liquefeito no Estado do Pará.
O projeto, que prevê a instalação de termelétricas a gás natural em Marabá e Barcarena, é desdobramento de um termo de compromisso assinado, em setembro passado, envolvendo as empresas Pedevesa (PDV), estatal de petróleo da Venezuela, Eletronorte, Gás do Pará, Termo Gás, Gas Energy e Mega Brasil. Além de abastecer as termelétricas, o gás natural terá uso industrial, automotivo, residencial e comercial, com a vantagem de não ser poluente e oferecer um preço pelo menos 20% menor que outros combustíveis.
O Pará tem potencial para consumo de 8 milhões de metros cúbicos de gás/dia, segundo técnicos da Gás Pará. Com a implantação das termelétricas, o Pará vai atrair indústrias que dependem do gás natural, como as fabricantes de vidro e de cerâmicas de alta qualidade.
Para receber o gás natural será necessário implantar um terminal de regaseificação, para transformar o gás que chegaria em estado líquido. Atualmente, o Pará é um dos seis Estados brasileiros que ainda não possuem termelétricas, ao lado do Maranhão, Roraima, Rondônia, Amapá e Piauí.