O ideal é seria que as plantações tivessem entre cinco e seis ciclos de colheita e depois fossem renovadas. Mas algumas já completaram 11 anos sem terem sido trocadas. A estimativa da Datagro é de que a taxa de renovação da cana na região Centro-Sul foi menor que a média dos últimos 20 anos, tendo ficado por volta dos 16,3%.
– Este ano teve níveis menores de renovação no fundo por problemas climáticos – afirma o diretor de planejamento estratégico da Datagro, Guilherme Nastari.
Nos anos de 2006 e 2007 houve um forte investimento na expansão da área de cana. O reflexo veio em 2008, quando em plena crise financeira mundial as usinas não tinham recursos para estocagem. O etanol entrou no mercado e gerou queda nos preços e aumento no consumo.
A partir daí os produtores não tinham dinheiro para renovar os canaviais. O momento agora é de recuperar o tempo perdido. A rotação de cultura é uma grande aliada neste processo principalmente para evitar a perda de produtividade.
Porém, de acordo com o presidente da organização dos plantadores de cana da região Centro-Sul do Brasil (Orplana), Ismael Perina Junior, a pressão do mercado e o produtor não pode acelerar a renovação dos canaviais sem uso de tecnologia.
– O que a gente preconiza é que estas reformas sejam feitas com plantio de cana de ano e meio e aproveitando estas áreas para se plantar uma leguminosa, um amendoim, uma soja, para que a tendência de aumento de produtividade seja realmente eficaz – aponta Perina Junior.
Produção de amendoim
Os produtores querem agora recuperar as plantações ao longo das próximas três safras. Uma boa escolha para dar consistência na reforma é o uso do amendoim na rotação. O produtor Walter Souza, que está neste mercado há 20 anos, hoje tem 850 hectares de cana e 870 hectares de amendoim.
Nesta safra, a produção vai render a ele perto de 160 mil sacas de 25 quilos de amendoim, com um movimento econômico de mais de R$ 3 milhões. Com retorno econômico e social, o amendoim tem papel decisivo na redução dos custos na hora de implantar o novo canavial.
– Com certeza ele absorve um pouco do custo de implantação. E o custo de implantação do canavial é o que pesa mais para o produtor de cana. Você fazendo a rotação com amendoim já dilui o custo na rotação plantando amendoim – indica o produtor.
Segundo o presidente da Orplana, a cooperativa agroindustrial (Coplana) se especializou em receber amendoim e hoje tem 40% do faturamento dela embasado nessa produção, com mais 300 produtores agregados.
– Isso ajuda muito na rentabilidade do produtor. Nos três anos de crise de cana o amendoim acabou ajudando os produtores a terem uma rentabilidade melhor – destaca.