O confronto que atinge o campo ? e ameaça especialmente os brasiguaios, brasileiros radicados no Paraguai ? pode levar ao colapso das exportações de soja. Isso começa a preocupar o próprio governo de Fernando Lugo. Nessa quinta, dia 23, terminou o prazo de 72 horas dado por sem-terra para que o governo começasse a expulsar brasileiros, mas não foram registrados episódios significativos de violência.
Os produtores de soja, independentemente de estarem ou não na mira dos trabalhadores rurais, exigiram que Lugo garanta paz e tranqüilidade no campo pelo menos durante os próximos 30 dias. O objetivo é terminar o plantio, apesar do clima conflagrado.
O Paraguai é o terceiro maior produtor de soja da América do Sul e sexto do mundo. Neste momento, porém, dar início ao cultivo tem sido motivo para a invasão imediata dos sem-terra. Em resumo, há uma proibição tácita de produzir. Inicialmente, a previsão para este ano era de uma colheita de 8 milhões de toneladas, recorde no país.
? Se nos próximos 30 dias não plantarmos, as perdas serão milionárias, não apenas para nós, mas também para o fisco ? advertiu o presidente da União de Sindicatos da Produção (UGP, na sigla em espanhol), Héctor Cristaldo, que participou de uma reunião com o presidente na quarta-feira à noite, a convite de Lugo.
Para garantir a paz, 93 sem-terra foram detidos
De acordo com Cristaldo, o presidente, durante o encontro, cogitou de um pacto agrário entre todos os setores até o final deste ano.
O ministro do Interior, Rafael Filizzola, pediu paciência.
? Em 60 dias de governo (a posse ocorreu em 15 de agosto), não podemos solucionar problemas de décadas, mas devemos reconhecer que as reclamações dos agricultores são justas ? disse ele, que, assim como outros integrantes do governo, só aceita uma reforma agrária feita absolutamente dentro da lei.
Para garantir a paz no campo, 93 sem-terra foram detidos nos últimos dias, em meio ao clima de tensão.